Debate entre AD, PS, IL e Livre. Defender a União Europeia é unânime, a forma de o fazer já não

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Eleições Europeias a 9 de junho

13 mai, 2024 - 23:24 • João Pedro Quesado

Primeiro debate antes das eleições para o Parlamento Europeu viu Sebastião Bugalho, Marta Temido, João Cotrim Figueiredo e Francisco Paupério debater as políticas europeias de migração, o alargamento da UE, a defesa europeia e, por fim, a eventualidade de António Costa liderar o Conselho Europeu - algo que os eurodeputados não decidem.

É tempo de falar da Europa e, ao contrário do habitual, foi isso que aconteceu no primeiro debate televisivo entre candidatos portugueses ao Parlamento Europeu. Os cabeças de lista da AD, PS, IL e Livre concordaram que o novo Pacto para as Migrações e Asilo tem limitações, que o alargamento da União Europeia é para fazer e também na necessidade de uma política comum de defesa europeia, mas ficaram divididos pelos detalhes.

Para Francisco Paupério, candidato do Livre, a defesa da Europa significar não estar dependente de países externos à União Europeia, mas também não é uma questão "puramente militar", mas tem "várias dimensões", como os "investimentos em energias renováveis", a "segurança alimentar" e "em termos de saúde", com o candidato a apontar a falta de capacidade de produção de vacinas como exemplo.

Quanto à política de defesa em si, Paupério considera que a UE precisa "de uma política de defesa comum", "integrar os nossos esforços e começar a coordenar".

"Neste momento nós não conseguimos, entre exércitos, fazer a coordenação de equipamentos. Há um passo acrescido antes ainda de se falar de exército único, ainda temos outros passos a fazer. Porque o exército é um instrumento, nós precisamos de um objetivo, precisamos de saber o que é que a UE quer fazer em política externa", afirmou o cabeça de lista do Livre, alertando que esta política "tem de ser de efetiva defesa e não militar de ataque".

Sebastião Bugalho afirmou que "cumprir o mínimo exigido" pela NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi uma prioridade dos governos da última década e defendeu que a Europa deve ser "o pilar europeu da NATO" - sublinhando também a menor dependência dos Estados Unidos da América.

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E se a emissão de dívida conjunta para financiar a maioria das políticas europeias não reúne consenso, o cabeça de lista da Aliança Democrática realçou que a emissão de obrigações para a defesa tem o apoio dos países mais céticos, já que "são uma forma de financiamento que não conta para o orçamento europeu", evitando que o governos nacionais tenham que escolher "entre tanques e hospitais públicos".

Marta Temido reagiu mal a esta ideia de Bugalho. "Muito preocupada" com o que ouviu, sublinhou que o Partido Popular Europeu - no qual a AD se insere - "sempre foi contra a mutualização da dívida" e criticou que essa medida não chegue a outros capítulos, como a habitação.

"Precisamos de reforçar a nossa Política de Defesa Comum. Agora, não vamos investir em armas e não investir em casas", defendeu a socialista, a quem Bugalho respondeu que foi "uma presidente da Comissão Europeia do PPE que conseguiu a mutualização da dívida" na resposta à pandemia.

João Cotrim de Figueiredo também optou por defender o reforço do "pilar europeu da NATO", pedindo um aumento do investimento nacional em defesa para cumprir os 2% exigidos pela Aliança Atlântica. O liberal alertou que algumas prioridades "podem ficar para trás" e declarou-se contra o slogan que proclama o contrário.

"É muito bonito dizer que não se pode deixar ninguém para trás, mas para isso é preciso recursos", sublinhou, pedindo "um minuto ou dois para falar do crescimento europeu e porque é que não acontece". De seguida, apontou ao candidato do Livre e acusou os Verdes de criarem "empecilhos", com a intenção de taxar a automação quando esta eliminasse empregos.

Este foi o primeiro de seis debates a quatro entre os cabeças de lista das candidaturas dos partidos portugueses ao Parlamento Europeu. O próximo, na quarta-feira, põe em debate Catarina Martins (BE), Pedro Fidalgo Marques (PAN), António Tânger Correia (Chega) e Francisco Paupério (Livre), na RTP, pelas 20h50.

Depois dos seis debates há ainda um debate a oito entre os partidos com assento parlamentar, e um debate a nove com partidos sem representação parlamentar na Assembleia da República. A 3 de junho, é altura do debate das rádios, organizado pela Renascença, Antena 1, TSF e Rádio Observador, das 9h30 às 11h30, apenas com os oito partidos com assento parlamentar.

As eleições para o Parlamento Europeu acontecem a 9 de junho. Em Portugal vai ser possível exercer o direito de voto através do voto antecipado e ainda em mobilidade no dia 9.

[notícia em atualização]

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