Declaração de impacto ambiental do aeroporto de Lisboa só era válida até 2015

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O Aeroporto Humberto Delgado funciona com uma declaração de impacte ambiental que devia ter sido revista em 2015, o que torna o seu funcionamento ilegal em termos ambientais, avisa a associação Zero, que exige a resolução do problema.

“Não vamos ficar parados”, disse hoje à Lusa o presidente da associação, Francisco Ferreira.

Segundo o responsável, a Zero já fez uma avaliação jurídica da situação e, se for necessário, avançará na justiça para que se regularize temporariamente uma situação que na verdade não é regularizável, porque não é possível cumprir-se a Lei do Ruído.

Um dia depois de o Governo ter anunciado Alcochete como o local para um novo aeroporto na área de Lisboa, para substituir o Aeroporto Humberto Delgado (AHD), a associação ambientalista reuniu-se com a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, sendo a questão um dos principais temas em debate.

Em declarações à Lusa depois da reunião, o presidente da Zero explicou que a declaração de impacto ambiental (DIA) do AHD é de 2006 e previa o fim do aeroporto em 2015, com um máximo 180 mil movimentos por ano e um máximo de 16 milhões de passageiros por ano.

A verdade é que se passou quase uma década e os movimentos anuais são mais de 222 mil, para mais do dobro dos passageiros, 33 milhões.

Assim, disse a Zero, o aeroporto está “ilegal, por estar fora da licença”.

“Foi ultrapassada e não houve outra avaliação, porque o impacto no ruído e na qualidade do ar é ilegal”, nas palavras de Francisco Ferreira.

Segundo o responsável, a ministra deu muita atenção ao facto de o AHD estar a funcionar sem enquadramento legal do ponto de vista ambiental, e entendeu a pertinência da questão.

O primeiro-ministro, disse, “erra quando diz que é preciso expandir de 38 para 46 movimentos por hora “ (no AHB), porque nem os 38 movimentos estão legais.

“A legislação de Estudo de Impacto Ambiental é clara, se tiver uma expansão do aeroporto tenho de fazer uma avaliação de impacto ambiental”.

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Quanto ao novo aeroporto, Francisco Ferreira admitiu que Alcochete tem problemas ambientais, mas manifestou “grande satisfação” pelo fim da opção Montijo, e por Alcochete substituir totalmente o atual aeroporto quando estiver pronto.

O presidente da Zero disse que a associação transmitiu à ministra que está de acordo com uma terceira ponte no rio Tejo na zona de Lisboa, desde que apenas ferroviária, e com a ligação Lisboa-Madrid.

Mas uma ponte rodoviária e ferroviária não tem o apoio da associação.

Maria da Graça Carvalho, disse Francisco Ferreira, explicou à associação que o Governo está a negociar com o parlamento a implementação da lei de bases do clima.

Acrescentou que a revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) só será entregue à Comissão Europeia no final do ano e concordou que grandes questões que necessitem de avaliações ambientais estratégicas podem ter um modelo semelhante ao da comissão técnica independente que propôs novas localizações para o aeroporto.

A Zero, ainda segundo Francisco Ferreira, questionou Maria da Graça Carvalho sobre o facto de Portugal não fazer parte do grupo de 11 países que assinou um documento para que a Lei Europeia do Restauro Ecológico seja aprovada no último conselho europeu do ambiente, marcado para 17 de junho.

A ministra disse que não houve tempo para dar uma resposta, mas garantiu que Portugal apoia o documento.

Na reunião, a ministra terá concordado em apelar ao consenso com outros partidos para a revisão da lei da água, de 2003, para resolver questões relacionadas com o equilíbrio entre águas subterrâneas e superficiais, com o facto de o preço da água não transparecer em muitas atividades, e com a necessidade de o foco não ser na oferta, mas sim no uso eficiente.

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