Delegação da UE em Myanmar pede libertação de trabalhadores que pediram aumentos

3 meses atrás 113

"Estamos preocupados com as detenções e o bem-estar de uma série de trabalhadores industriais e sindicalistas por causa de um conflito laboral na fábrica Hosheng Myanmar, na semana passada", lê-se num comunicado da delegação da UE.

A nota refere-se à detenção de um dirigente sindical, Ma Thu Thu San, e ao despedimento de seis colegas, a 14 de junho, por terem exigido aumentos salariais à direção da fábrica, disse à agência de notícias EFE um porta-voz da organização birmanesa de defesa dos direitos dos trabalhadores Action Labor Rights.

O jornal independente birmanês The Irrawaddy noticiou no sábado a detenção de quatro outros trabalhadores na mesma fábrica têxtil, gerida pela Hosheng (Myanmar) Garment Co. na cidade de Shwe Pyi Thar, nos arredores de Rangum, que produz para a Zara.

Na semana passada, o jornal The Irrawaddy noticiara que os trabalhadores exigiam à direção da fábrica um aumento do subsídio diário de 4.800 kyats para 5.600 kyats (de cerca de dois euros para 2,5 euros).

No comunicado, a UE apelou ao "fim das detenções das pessoas que exercem pacificamente o seu direito à liberdade de expressão e de associação".

A empresa espanhola Inditex, proprietária da Zara, disse em comunicado enviado à EFE na sexta-feira que tinha "bloqueado a possibilidade" de trabalhar com a fábrica e garantiu que "está a trabalhar numa saída gradual e responsável de Myanmar".

"Os acontecimentos ocorridos nesta fábrica nos últimos dias representam uma grave violação do nosso código de conduta para fabricantes e fornecedores", afirmou.

Desde o golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2021 em Myanmar, várias multinacionais abandonaram parcial ou totalmente o país, incluindo algumas do setor têxtil, como a empresa japonesa Fast Retailing, proprietária da cadeia de moda Uniqlo, que anunciou em março que vai parar a produção de vestuário GU, outra das suas marcas, naquele país.

Outras empresas que tomaram decisões semelhantes incluem a multinacional suíça Nestlé, que este ano encerrou a linha de produção em Myanmar, e a empresa petrolífera norte-americana Chevron, que em fevereiro vendeu a participação num projeto de gás natural.

O golpe de Estado mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica, e abriu uma espiral de violência com novas milícias que intensificaram o conflito armado que o país vive há décadas.

Ler artigo completo