Democratas "em pânico". É possível Joe Biden ser substituído antes das eleições Presidenciais?

2 meses atrás 59

A performance do atual Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) no primeiro debate a contar para as eleições Presidenciais de novembro foi tão negativa que fez com que o próprio partido colocasse em causa a sua candidatura.

É, pelo menos, o que os média norte-americanos relataram nas horas imediatas após o primeiro confronto televisivo entre Joe Biden e Donald Trump, deste ciclo eleitoral (depois de dois duelos em 2020). John King, jornalista da CNN - conhecido por ser a figura do canal que apresenta os mapas interativos que contam os votos - refere que "há pânico no Partido Democrata, que envolve operacionais, oficiais eleitos, doadores". Um relato que foi, entretanto, corroborado e repetido pelos restantes órgãos de comunicação social.

A sondagem de rescaldo da CNN mostrou que os eleitores que assistiram ao debate deram a vitória a Donald Trump, com 67% contra 33% de Biden.

A própria linha oficial dos Democratas nas horas pós-debate revelam uma convicção de que a noite não lhes correu bem: Figuras como Kamala Harris, ou o governador da Califórnia Gavin Newsom - curiosamente, ambos vistos como alternativas viáveis a Biden - referiram que os últimos três anos e meio de mandato não podem ser julgados pelos 90 minutos de debate.

E, agora, regressa uma questão que tinha assombrado a recandidatura de Joe Biden, desde o início: Deve o Partido Democrata apresentar um novo candidato às Presidenciais de 2024?

No entanto, antes de sabermos a resposta a uma pergunta subjetiva, é importante esclarecer uma dúvida mais objetiva: É possível substituir o candidato às eleições, nesta altura?

A solução é complexa e varia consoante cenários. A Renascença expõe e explica todas as hipóteses.

Substituir Joe Biden antes da Convenção Democrata

A resposta é sim. Até porque, neste momento, nem Donald Trump, nem Joe Biden, são candidatos oficiais. De resto, essa foi uma curiosidade deste debate último debate, realizado muito mais antecipadamente do que o normal.

Sim, não restava dúvidas de que as duas personalidades seriam os vencedores das respetivas primárias partidárias. Contudo, as suas candidaturas só serão ratificadas nas respetivas convenções dos Republicanos, em julho, e dos Democratas, em agosto.

Por isso, se Joe Biden optar por se retirar nas próximas semanas, admitindo apenas terminar o seu atual mandato, pode abrir-se um caminho legítimo a uma solução alternativa. Contudo, o atual Presidente dos EUA necessitaria de apontar e apoiar, claramente, um sucessor merecedor dos 3.900 delegados que conquistou durante as primárias, para evitar uma disputa eleitoral interna.

É que cada delegado, apesar de fiel a Joe Biden, poderia depois escolher livremente qualquer figura do Partido Democrata, se não houvesse orientação de voto. Um desfecho potencialmente caótico para a Convenção Democrata, em contraste com a previsivelmente unida Convenção Republicana em torno de Trump.

No entanto, é fundamental reiterar que tudo isto só seria relativamente simples se Joe Biden escolhesse abandonar pela sua própria vontade. Em teoria, o Partido Democrata poderia convencer cada delegado que escolheu nomear o atual chefe de Estado na Convenção Democrata em mudar o seu apoio, contudo isso é cenário sem precedentes que poderia colocar em causa a união do Partido, gerando até uma eventual rutura com a própria Casa Branca e fragilizar ainda mais a credibilidade perante os eleitores.

A complicar as coisas está o facto dos Democratas pretenderem nomear Joe Biden como candidato virtualmente, antes sequer da Convenção Democrata, tornando-a uma mera formalidade. Essa circunstância acabar por encurtar os prazos para uma decisão de retirada do atual Presidente.

Substituir Joe Biden durante a campanha eleitoral

Mais uma vez a resposta teórica é sim, mas seria bastante questionável.

Em primeiro lugar, seria praticamente impossível tal acontecer sem o consentimento do próprio. Ou seja, Joe Biden, mais uma vez, tinha de escolher desistir da disputa eleitoral.

Nesse cenário, o Comité Nacional Democrata pode convocar uma reunião especial entre os 500 membros que o constitui. Desses, bastava uma maioria simples para nomear novos candidatos a Presidente e a vice-Presidente.

Contudo, este processo poderia esbarrar num escrutínio constitucional e, se fosse feito a poucas semanas das eleições, provocar discrepâncias entre boletins de voto, que são impressos muito antecipadamente.

Joe Biden demitir-se da Presidência

Na prática, se o atual Presidente dos Estados Unidos abandonar o cargo, quer por opção própria, devido a doença ou, eventual, morte, a sua vice-Presidente assumiria o cargo.

Kamala Harris seria a nova chefe de Estado do país, mas não seria a candidata nomeada pelo Partido Democrata.

Claro que a vice-Presidência oferece uma credibilidade política particular a quem ocupa o cargo, porém, em termos de mecanismos partidários, Kamala Harris tinha tantas hipóteses de ser nomeada candidata como qualquer outro Democrata.

Se este cenário acontecesse antes da Convenção Democrata, os delegados conquistados por Joe Biden durante as primárias não se iriam transferir automaticamente para a nova Presidente, portanto, seria preciso convencer cada um.

Se tudo isto ocorresse depois de agosto, então haveria a tal reunião especial do Comité Nacional Democrata e Kamala Harris teria de tentar obter o apoio da maioria dos 500 responsáveis.

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