«Depois do Vitória SC e do Cruzeiro senti que gostava do ruído e da pressão»

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Em Matosinhos, no terceiro dia da sexta edição do Fórum Internacional da Quarentena da Bola - espaço de debate criado por Rémulo Marques, antigo jornalista e diretor desportivo com passagens por Boavista, Fafe, FC Zimbru, Leixões e Camacha -, a primeira sessão ficou marcada pela palestra de Pepa, ex-treinador do Al Ahli e atualmente sem clube.

Com a presença exclusiva do zerozero como media partner, o treinador português dedicou a palestra para abordar, de uma forma aprofundada, o caminho percorrido na carreira.

Desde os momentos finais «complicados» enquanto jogador - com um tumor no pé -, ao arranque da carreira de treinador no Sacavenense, Pepa falou em «paixão», no seu primeiro erro enquanto treinador e da «pressão boa» no Vitória SC e no Cruzeiro.

«Para fazer o que fazemos, seja em que circunstância profissional, é preciso, acima de tudo, paixão pela profissão», começou por introduzir, prosseguindo com uma curiosidade sobre o momento em que iniciou a carreira de treinador no Sacavenense.

«Há sapos que temos de engolir, mas há limites»

«Depois da carreira de jogador, ou agarrava-me a uma depressão ou começava a trabalhar. Fui bater à porta do Sacavenense e apresentei-me ao chefe de futebol do clube. Não tive vergonha nenhuma em procurar trabalho. Ele disse-me que só tinha uma vaga e eu, feliz da vida, aceitei», começou por explanar, indicando o primeiro erro enquanto treinador.

«Nós na vida há sapos que temos de engolir, mas há limites. Depois de um sucesso num torneio da formação cheguei, no dia seguinte, com o grupo na mão e todos contentes. Nesse dia, o presidente marcou um jogo contra os juniores - nós enquanto juvenis -, e eu entrei com ele a gritar no gabinete. Entrei a pés juntos e não devia. Moral da história: mandou-me embora. E quando ele toma essa decisão, caiu-me a ficha. Pensei: 'que culpa têm os miúdos?' Saí de lágrima no olho», recordou. 

Por fim, sobre duas experiências marcantes na carreira - Vitória SC  e Cruzeiro - o técnico de 43 anos assumiu que «gostava da pressão» desses clubes e falou das dificuldades de gerir expectativas no Brasil.

«Depois do Vitória SC e do Cruzeiro senti mesmo que gostava do ruído e da pressão. No Brasil, encontrei um brasileirão muito competitivo, muito difícil. Depois de um início forte, criou-se muitas expectativas com títulos - quando o nosso objetivo era, na prática, a manutenção - e depois aconteceram algumas lesões. A partir daí, com muita pressão externa - ainda que, para nós, com prazer -, não deu para a continuidade, com muita pena minha», rematou.

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