DeSantis "não tem hipótese" e Haley terá "teste de fogo" após New Hampshire

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"Neste momento eu não vejo uma trajetória para a vitória para Ron DeSantis, apesar de ele ter ficado com o segundo lugar no Iowa", explicou a analista luso-americana.

As sondagens para as próximas primárias, que acontecem em New Hampshire a 21 de janeiro, dão 5,4% de intenções de voto em Ron DeSantis, 30,6% em Haley e 43,5% em Trump. Nas primárias seguintes, a 24 de fevereiro na Carolina do Sul, a projeção é de que o governador da Florida arrecade 12,1%, Haley 24,9% e Trump 54,8%. "Ou seja, ele não tem hipótese. Se fica na corrida, faz um favor a Trump", indicou Daniela Melo. 

Thomas Holyoke, professor na Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, antecipa que DeSantis ficará pelo menos até à Carolina do Sul, onde concentrará os esforços para salvar a campanha. 

Para Nikki Haley, o momento da verdade será precisamente na Carolina do Sul, o estado de que foi governadora e onde a sua performance será decisiva, depois de umas primárias em New Hampshire onde deverá sair-se melhor que DeSantis. 

"O teste de fogo para Haley vai ser a Carolina do Sul, porque tem um eleitorado muito mais próximo do Iowa. Há uma fação de eleitores evangélicos que são completamente fiéis ao Presidente Trump", descreveu Daniela Melo. 

"Aí a questão não é se consegue mudar a opinião desses eleitores", frisou. "O que ela precisa é de mobilizar mais o eleitorado que geralmente não vai às urnas, sobretudo para uma primária". 

Se isso será possível ou não dependerá do momento e de uma possível desistência de Ron DeSantis se os resultados em New Hampshire forem desastrosos. 

"Não sabemos se aqueles que votaram em DeSantis têm tantos anticorpos assim contra Haley", disse a politóloga, frisando que, se fosse só Haley contra Trump, esse facto em si mesmo poderia mobilizar mais pessoas a irem às urnas. 

No entanto, DeSantis -- a quem Daniela Melo chamou de `tigre de papel` -- diz que não vai desistir. "Enquanto a corrida for a três, só Trump é que ganha", notou. 

O percurso do governador da Florida tem sido descendente e contrariou todas as expectativas do último ano. 

"Há um ano falávamos do quão forte ele estava, da atenção que recebia na comunicação social", lembrou a cientista política, referindo que o candidato parecia predestinado a desafiar Trump. 

"Ele basicamente foi ungido pela Fox News como o próximo Trump, era um Trump sem drama", caracterizou. Mas DeSantis "desperdiçou a vantagem que levava", provando que a estratégia não funcionou. 

"Se DeSantis tivesse ficado em terceiro lugar [no Iowa], haveria agora muito mais pressão sobre ele para desistir e deixar que Nikki Haley tentasse o seu melhor em New Hampshire e depois na Carolina do Sul", salientou a professora. "Mas como ele saiu em segundo lugar, essa pressão não é tão forte". 

Holyoke também considera que DeSantis não tem qualquer caminho discernível para a vitória, ao contrário da ex-embaixadora nas Nações Unidas. "Haley ainda pode conseguir, apesar de essa janela estreita se ter estreitado ainda mais", disse o professor.

As próximas rondas vão permitir perceber se a baixa participação no `caucus` do Iowa se deveu ao frio ou a outros fatores. 

"Apareceram muito menos pessoas nas urnas e nós não sabemos se foi por causa do tempo ou porque simplesmente o eleitorado republicano está desmobilizado", disse Daniela Melo, excetuando a base de Trump que nunca considerou votar noutro candidato. 

"Trump, mais uma vez, sai dos padrões normais das eleições norte-americanas porque o eleitorado republicano trata-o como se ele fosse o incumbente", explicou a analista. "Ele está a concorrer com as vantagens não que um presidente que foi derrotado nas urnas tem, mas que o incumbente que já está no poder costuma ter, com o mesmo tipo de apoio do eleitorado". 

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