Design: o ser humano é, cada vez mais, um animal sentado

6 dezembro 2023 11:48

6 dezembro 2023 11:48

A reciclagem tem um dos objectivos mais nobres que podemos ter hoje em dia — o de conseguir reaproveitar um material que foi utilizado para determinada função dando-lhe uma nova utilidade. Com isso evita-se acumulação de lixo e consumo desnecessário de recursos, é uma dinâmica circular, quase sem desperdício, útil a todos. Há alguma resistência à reciclagem ainda, como se aquilo que se faz a partir do lixo tivesse alguma menos-valia. É preconceito, claro, pese embora esta ideia ainda paire, talvez contaminada por outros tipos de reciclagens, noutras áreas menos tangíveis, com maus resultados. Ou apenas porque durante algum tempo os objectos fruto da reciclagem tivessem uma aparência menos apreciada pelos consumidores.

O design tem definitivamente um papel fundamental neste processo, quer na sua vertente económica, quer na componente estética e de aceitação do mercado. Pensemos num exemplo, em algo que nos é muito próximo, como as cadeiras. São produzidas, actualmente, milhões e milhões de cadeiras por ano. O ser humano é, cada vez mais, um animal sentado. Sedentarizou-se, tornou-se menos flexível, e move-se agora entre sofás, cadeiras, bancos, encostos e assentos. Menos actividade física, menos consumo de recursos, um princípio que até vai de encontro ao que está programado no nosso ADN, poupança de energia. O problema é que ingerimos ainda mais calorias do que ingeríamos quando tínhamos de caçar para nos alimentar. E, ainda por cima, estamos cada vez menos de pé, vivemos a dois terços de altura. Sempre rodeados de cadeiras desde muito cedo nas nossas vidas. Olhe à sua volta e veja como predominam. Escolas e repartições, restaurantes e casas, escritórios e auditórios, em espaços públicos ou privados, em todo o lado. São por isso um exemplo interessante quando queremos perceber qual o esforço que está a ser feito relativamente ao uso de materiais reciclados na produção de um equipamento que tem um impacto quantitativo tão massivo no nosso planeta.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.