Desporto paralímpico português precisa de renovação

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José Lourenço acredita que é preciso mudar muita coisa no desporto para deficientes Lusa

Com 12 vagas asseguradas em Paris a 200 dias do início dos Jogos Paralímpicos, o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) teme uma "representação residual" nos Jogos Los Angeles2028 e antecipa a necessidade urgente de uma "mudança de paradigma".

"Tenho receio, e é um receio fundado, de que em Los Angeles tenhamos uma representação residual. Os atletas não aparecem por geração espontânea e não vemos o aparecimento de um número significativo, ao nível da base, de que possam sair atletas ao nível da excelência para substituir os atuais", afirma o presidente do CPP, em entrevista à agência Lusa.

José Lourenço mostra-se "preocupado" com a média de idades dos atletas que deverão marcar presença nos Jogos Paris2024, a disputar entre 28 de agosto e 8 de setembro, lembrando que nos Jogos Tóquio2020, disputados em 2021 devido à pandemia de covid-19, a idade média dos atletas nacionais rondou os 36 anos.

"Este problema é algo que nos preocupa, e já nem quero pensar em Brisbane2032", refere o dirigente, defendendo a necessidade de "alterar os paradigmas cultural e de financiamento" bem como o desporto escolar para inverter a tendência de diminuição de atletas.

Segundo José Lourenço, "muitas vezes o primeiro obstáculo está nas famílias", que, na tentativa de protegerem filhos com deficiência, os afastam da prática desportiva, na ideia "errada" de que "o desporto é prejudicial a um indivíduo que tenha alguma deficiência".

À questão da família, o presidente do CPP junta a falta de um ensino verdadeiramente inclusivo, porque o atual modelo "muitas vezes isola as pessoas com deficiência", e alerta para a necessidade de ainda haver "um caminho a percorrer" para que as crianças com necessidades especiais não sejam discriminadas.

Mudar para melhor

José Lourenço defende também a necessidade de uma mudança profunda no desporto escolar, considerando que esta é uma área que "não existe no que diz respeito à dimensão das pessoas com deficiência".

"Quantas crianças chegam às fases finais do desporto escolar?", questiona o presidente do CPP, considerando que há uma interpretação errada do decreto que prevê a integração.

"É preciso acautelar as especificidades e não pôr todos a competir com todos, é precisa uma mudança na forma como se olha para o desporto escolar" e deixa um alerta: "Quando digo inclusivo, não têm que estar juntos, se calhar têm de estar separados. Não podemos dizer que andamos a incluir, quando estamos efetivamente a discriminar".

Apesar do cenário de renovação não ser o mais animador, José Lourenço está otimista e acredita que Portugal vai conseguir mudar os paradigmas que permitam o aumento da prática desportiva de excelência a pessoas com deficiência.

Portugal vai somar em Paris a sua 12.ª participação em Jogos Paralímpicos, competição na qual já conquistou um total de 94 medalhas.

O contrato-programa de preparação para os Jogos Paralímpicos Paris2024 tem um valor global de 9,2 milhões de euros e as bolsas pagas aos atletas paralímpicos, bem como os prémios pela conquista de medalhas, são iguais às dos atletas olímpicos.

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