Detidas 749 pessoas nos protestos contra reeleição de Maduro na Venezuela

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30 jul, 2024 - 18:29 • Inês Braga Sampaio , Pedro Mesquita com Lusa

Três figuras de destaque da oposição estão entre os detidos. Oposição alega que, na realidade, Edmundo González Urrutia venceu as eleições presidenciais com mais do dobro dos votos.

Cerca de 750 pessoas foram detidas na Venezuela nos protestos contra a reeleição do Presidente Nicolás Maduro, anunciou esta terça-feira o procurador-geral, que afirmou que "o número pode aumentar".

"Um número preliminar de 749 delinquentes detidos", disse Tarek William Saab em declarações à imprensa, acrescentando que a maioria foi acusada de "resistência à autoridade" e "em casos mais graves, de terrorismo".

Três figuras de destaque da oposição estão entre os detidos pelas autoridades. Um deles foi o dirigente do partido Vontade Popular e coordenador do movimento opositor Com a Venezuela, Freddy Superlano. Também foram detidos o coordenador juvenil do partido Causa R, Rafael Sivira, e o ex-presidente da Câmara Municipal de Marcano, José Ramón Díaz, além de uma quarta pessoa da oposição cuja identidade não foi revelada.

Pelo menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos protestos em várias cidades da Venezuela, segundo as autoridades.

Os líderes da oposição, Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, juntaram-se às manifestações contra os resultados.

Venezuela. Três destacados políticos da oposição detidos pelas autoridades

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, González Urrutia, que terá obtido 44% dos votos.

A oposição e parte da comunidade internacional duvidam destes resultados e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais. A Organização dos Estados Americanos (OEA) recusa-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE, por considerar que "os acontecimentos da noite eleitoral confirmam uma estratégia coordenada, desenvolvida nos últimos meses, para minar a integridade do processo eleitoral".

"O manual completo do tratamento fraudulento dos resultados eleitorais foi aplicado na Venezuela na noite de domingo, em muitos casos de forma muito rudimentar", lê-se no relatório da OEA.

Numa publicação no Facebook, o partido Vente Venezuela alega que teve acesso a 73,2% das atas de voto e que, na realidade, González Urrutia foi eleito presidente com 6,275 milhões de votos, mais do dobro de Nicolás Maduro (2,759 milhões). "Temos as provas", proclamam.

O opositor Juan Guaidó, que se encontra exilado em Miami, considera que a ditadura foi derrotada.

"Creio que derrotámos a ditadura. É isso que dizem os números, de forma clara, transparente, com as provas na mão. Vencemos com mais de 3,5 milhões de votos, ata por ata, mesa por mesa", afirma, em declarações à CNN América Latina.

Ao mesmo tempo em que a oposição protesta nas principais cidades da Venezuela, também as forças que apoiam o Presidente Nicolás Maduro se encontram nas ruas de Caracas, em defesa dos resultados divulgados pelo CNE.

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros Estados da comunidade internacional, reconhecidos como democráticos, demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela, caso de Portugal, Espanha ou Estados Unidos.

Nove países latino-americanos - Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai - pediram hoje uma "revisão completa" dos resultados eleitorais na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.

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