Diário da campanha. Montenegro quer travar emigração de jovens, Pedro Nuno nega “jogo de equilibrismo”

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Os líderes dos partidos políticos andam, este sábado, pelos quatro cantos do país, ouvindo as populações e comentando-se uns aos outros quando questionados pelos jornalistas no terreno. Eis a súmula do que de mais importante foi disto esta manhã.

 O presidente do PSD, Luís Montenegro, comprometeu-se, este sábado, em Amarante, a criar condições para travar a emigração de jovens, para juntar “a família de Portugal”, considerando que os jovens são fundamentais para “ajudarem a criar um país mais forte, que crie mais riqueza para poder ser mais justo”.

“É para eles poderem estar junto das suas famílias e dos seus amigos, e é também para que os seus pais e os seus avós não fiquem com aquele aperto no coração de olharem em volta e verem que os seus filhos e os seus netos estão a muitos milhares de quilómetros de distância. É a olhar para a família de Portugal que nós estamos aqui”, afirmou.

Luís Montenegro dirigiu-se também aos “reformados, aposentados”, para lhes dizer que quer “que continuem a ter uma vida ativa” e “não lhes falte aquilo que é essencial: dinheiro para terem uma boa alimentação, dinheiro para poderem ir à farmácia buscar os medicamentos de que precisam, dinheiro para terem uma vida feliz ao lado dos seus filhos e dos seus netos”.

Tino de Rans andou pela mesma Amarante, mas pelo Amarante oferecendo pedras da calçada autografadas, ao som de uma música com o refrão “quero votar no calceteiro”. Em declarações aos jornalistas, defendeu que os eleitores do distrito do Porto devem votar nele, no RIR, e não na AD, porque Luís Montenegro é cabeça de lista por Lisboa.

Um pouco mais a nordeste, em Bragança, no Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico, Pedro Nuno Santos foi questionado se, nesta campanha, está a tentar fazer um “jogo de equilibrismo” entre os últimos oito anos de governação e o futuro. Respondeu assim: “Não é um jogo de equilibrismo. A nossa vida é assim, a vida de todos nós: é conseguirmos aprender com aquilo que não correu bem, segurar o que correu bem e avançar para fazer novo. A vida é assim, é isso que nós queremos fazer”.

Num dia em que António Costa deverá intervir pela primeira vez num comício do PS nesta campanha eleitoral, ao final da tarde no Porto, Pedro Nuno Santos rejeitou a ideia de que o ainda primeiro-ministro seja um rosto do passado. “Não é uma cara do passado, é uma cara do presente e do futuro”, sublinhou, acrescentando que António Costa foi um “primeiro-ministro muito importante nos últimos anos”, que conseguiu “mostrar que é possível governar em crise sem se cortarem pensões, salários”.

“Isso é muito importante para os nossos reformados e pensionistas: perceberem que, com o PS, avança-se e, quando há uma crise ou quando nós vivemos uma situação de incerteza, como está no nosso horizonte, sabem que o PS não atinge os mesmos de sempre: protege, dá estabilidade à vida, à economia”, declarou.

No sul do país, em Figueira dos Cavaleiros, junto a Ferreira do Alentejo, numa visita a um viaduto incompleto e sem avanços desde 2012, Paulo Raimundo, líder da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e PEV), salientou a “quota de responsabilidade” do líder do PS, Pedro Nuno Santos, enquanto ex-ministro das Infraestruturas, na falta de conclusão das obras do IP8 no Alentejo e assinalou o prejuízo para a região.

“Está aqui à vista. Não vale a pena estar a desenvolver muito, basta a imagem para perceber o que ficou por fazer”, afirmou Paulo Raimundo, sublinhando que “Pedro Nuno Santos, naturalmente, tem a sua quota de responsabilidade e tem de assumir essas responsabilidades”.

“O que aconteceu foi que PSD e CDS pararam a obra e o PS agarrou nessa bandeira e manteve isto tal como está. É uma vergonha e uma afronta a toda a gente que vive no distrito de Beja e no Alentejo”, acrescentou.

No distrito de Castelo Branco, no final de um encontro com as populações que querem travar a mineração de lítio a céu aberto na Serra da Argemela, freguesia de Barco, Covilhã, Mariana Mortágua, líder do BE quando questionada sobre as declarações de sexta-feira do antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso e do artigo de opinião do ex-Presidente da República, Cavaco Silva, considerou insultuoso que Barroso tenha “orgulho da austeridade e dos tempos da ‘troika’” e acusou Cavaco Silva de ter estado “sempre do lado do mau governo”.

“Numa altura em que os portugueses de verdade emigravam, lutavam contra a exploração, lutavam contra a austeridade, enquanto Durão Barroso estava sentado numa cadeira dourada na Comissão Europeia, que depois trocou por uma cadeira ainda mais dourada na Goldman Sachs”, condenou, estendendo o galhardete: “Cavaco Silva esteve sempre do lado do mau Governo, esteve sempre do lado das decisões erradas, das decisões que castigaram as pessoas. Quem olha para o passado e se lembra dos tempos de governação da direita é disso que se lembra: de retrocesso, de perda de direitos e nós não queremos voltar a esse passado”, condenou ainda.

Já o presidente da Iniciativa Liberal (IL), em Braga, encarou hoje, com normalidade a presença de António Costa numa ação de campanha do PS, frisando que essa “é uma voz do passado” e que Portugal precisa é de futuro. “Vejo com normalidade (presença de Costa), mas são sempre vozes do passado. Aquilo que nós precisamos é de vozes para o futuro, vozes de transformação”, afirmou Rui Rocha no final de uma reunião com a Associação Empresarial do Minho, depois de ter começado o dia de campanha para as eleições antecipadas no mercado local.

“A solução para o país está em quem traz propostas de futuro”, afirmou.

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