Diogo Costa e Carolina João: um mar de esperança

1 mes atrás 54

Portugal saiu dos Jogos Olímpicos de Paris com quatro medalhas mas, ao invés do que pensam muitos portugueses que só olham para a globalidade do desporto aquando deste gigantesco evento, por vezes há outros desempenhos que também merecem destaque apesar de não terem chegado ao tão ambicionado pódio. Foi o que aconteceu com o duo de 470 misto, na vela. Diogo Costa (já com experiência nesta embarcação) e Carolina João (igualmente numa segunda participação olímpica, mas agora num barco novo e acompanhada) alcançaram o quinto lugar, mas não ficaram particularmente longe do bronze (escassos 6 pontos). Assim, e apesar de se sentirem satisfeitos com o resultado – ainda por cima tendo em conta que tiveram uma preparação diferente face à maioria dos adversários, mais familiarizados com a embarcação –, admitem que existia potencial para poder fazer melhor. "O objetivo passava por trazer um diploma, portanto sim, estamos contentes", diz Carolina. "Sentimos, antes de começar a prova, que talvez conseguíssemos fazer um bocadinho melhor do que o 5º lugar, mas se há 3 anos nos dissessem que íamos ficar em 5º nos Jogos, qualquer um dos dois comprava esse resultado", reforça Diogo.

Nas quatro primeiras regatas, o duo somou uma desclassificação e mais dois lugares (14º e 16º) sofríveis. Depois, melhorou imenso. Daí a tal sensação de que poderiam ter ido um pouco mais longe caso a entrada fosse ligeiramente melhor." A vela é uma maratona, são seis dias a competir e se nós pensarmos se naquele momento... se naquela regata... acho que se pensarmos assim, vamos dar em malucos. Mas, sim, foi um momento mau a abrir e isso deixou-nos sem margem de erro. Mas, no Europeu também foi assim e acabámos em segundo. Normalmente somos assim, vamos melhorando no decorrer da competição", resume Carolina que, nas palavras do colega, foi essencial para o manter motivado. "Cheguei a pensar que já seria muito difícil entrar nos primeiros lugares, mas a Carolina e o resto da equipa puxaram muito por mim", recorda.

Face à classificação obtida, os dois velejadores que se conhecem desde tenra idade, acreditam que há margem de progressão para, com mais quatro anos de treino e ‘afinação’, chegar a Los Angeles com o objetivo claro de atacar as medalhas. Contudo, explicam que esta é uma modalidade muito específica, onde a diferença entre sucesso e insucesso é, por vezes, muito ténue.

"Aspiramos sempre a mais e mais", atira Carolina. "Começámos esta campanha pensando que estávamos atrasados em relação aos outros. Agora, é diferente. Com mais preparação, poderemos experimentar outras coisas, ir por outros caminhos", revela Diogo, o homem do leme, enquanto Carolina é a proa, uma espécie de co-piloto que se preocupa em estabilizar o barco e dar-lhe a maior velocidade possível. "Passo-lhe também toda a informação para que ele, a nível tático, possa tomar decisões".

Competir a este alto nível não é possível sem uma dedicação plena à vela. Significa isso, no caso destes velejadores, treinar –quase sempre no estrangeiro – 20 dias por mês. E estamos a falar em cerca de 4 ou 5 horas diárias na água, sendo que depois é preciso acrescentar o tempo no ginásio. "Não dá para treinar à noite no mar, nem podemos estar em locais onde a água é muito fria, pois isso faz com que o corpo aguente menos tempo", explicam.

Mas, independentemente dos sacrifícios a que estão sujeitos, motivação é coisa que não lhes falta. Bem pelo contrário. Por isso, sem hesitações, assumem estar preparados para novo ciclo olímpico. Repetir todo o processo não os apoquenta. E mesmo sabendo que a qualificação será dura – a frota só teve 19 barcos em Paris e apenas um por país –, acreditam que vão estar em Los Angeles, em 2028. E pelo caminho haverá vários Europeus e Mundiais, competições igualmente importantes, exigentes, mas onde a meta, claro, será sempre o pódio. Atenção a eles!

Festejos ‘à Ronaldo’ para ver em Los Angeles

Profunda admiradora de Cristiano Ronaldo, Carolina João não consegue escolher entre considerar CR7 um ídolo ou uma inspiração. "É as duas coisas! É uma referência para Portugal. O que tem vindo a fazer é impressionante. São os resultados obtidos, mas também a mentalidade que demonstra. O percurso dele, o ter vindo sozinho da Madeira para o continente – o que para quem sai das ilhas não deve ser nada fácil –, e conseguir vingar num mundo tão exigente como o do futebol é notável. Ele colocou o nosso país no mapa", diz Carolina.

"Em todo o lado onde vamos, passamos pela bandeira de Portugal e todos nos falam do Ronaldo", acrescenta Diogo, igualmente rendido à popularidade do capitão da Seleção.

Perante isto, será de equacionar ver os dois velejadores com um festejo similar ao de Iúri Leitão e Rui Oliveira, que soltaram um ‘siiiiiim" no pódio de Paris, depois de garantirem o título olímpico na prova de madison no ciclismo de pista? "É uma homenagem bonita e ele merece..." , diz Carolina. "Se ela quiser...", reforça Diogo. Assim sendo, ‘só’ já falta a grande vitória. Será em Los Angeles? Ambos, com os olhos a brilhar, sonham com isso e prometem trabalhar para que o sonho possa ser realidade.

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