Diogo Queirós reergue-se na Roménia: «A minha carreira tem muito para dar»

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Por Portugal foi campeão europeu de sub-17 em 2016, de sub-19 em 2018 e ainda finalista no Euro sub-21 dois anos mais tarde. Pelo FC Porto, levantou a UEFA Youth League em 2019. Tudo isto com o estatuto de capitão.

No futebol de formação, poucos têm um currículo tão impressionante como o de Diogo Queirós, mas não se pode dizer que a transição para sénior tenha corrido particularmente bem, tendo sido ultrapassado por uma boa fatia dos colegas que liderou nessas conquistas.

De férias, após a conclusão da sua primeira temporada no futebol romeno, Queirós atendeu o telefone e recordou uma dessas conquistas, em jeito de antevisão à final europeia desta quarta-feira. Foi essa a PARTE I da entrevista, antes de uma PARTE II em que o defesa central abordou outros temas, como as dificuldades na afirmação e o recente trabalho com o lendário Hagi.

Diogo Queirós com a braçadeira de capitão do FC Porto B, na II Liga @Rogério Ferreira / Kapta+


zerozero (zz) - Tens um histórico formidável no futebol jovem, com todos os troféus que conquistaste. Com que frequência revives essas memórias?

Diogo Queirós (DQ) - Com bastante frequência. Até o meu telefone me manda notificações de memórias e fotos, lembra de que neste dia aconteceu isto e no outro aquilo. Revivo esses momentos felizes com muita frequência e é sempre bom.

A apresentar o troféu da UEFA Youth League @FC Porto

zz - Foste um dos líderes de uma geração dourada; fizeste parte daquela defesa dos Diogos, com o Costa, o Leite e o Dalot, além de ti; mas depois, creio que não é controverso dizer, foste quem mais dificuldades teve como sénior. Por quê?

DQ - A visão é clara, é que cada um, com o passar dos anos, tem o seu caminho. Felizmente para muitos dos meus amigos foi mais fácil, mas eu acredito que a minha carreira ainda tem muito para dar e tenho a certeza que se continuar a trabalhar irei subir. Pode não ter sido tão direto ou tão fácil, mas o que importa é acreditar que boas coisas virão.

zz - Olhando para o teu currículo de formação, em comparação com o dos teus pares, também parece faltar uma estreia na equipa A do FC Porto. Por momentos pareceu estar perto...

DQ - É sempre um momento que parece que fica em falta. Fico triste por não ter tido essa oportunidade, mas cada um tem o seu caminho e o meu não me levou à equipa principal do FC Porto. Assim tinha de ser. Continuo a trabalhar, porque nunca sabemos o que a vida traz.

Com as cores do Famalicão @Rogério Ferreira / Kapta+

zz - Depois rumas a Famalicão, que começava a ter uma boa reputação de projetar jovens para voos maiores. Na primeira temporada brilhaste, mas depois os minutos caíram. O que aconteceu?

DQ - A primeira época no Famalicão joguei bastantes jogos, mas a partir de uma certa altura o mister Ivo Vieira decidiu que deveriam jogar outros e depois, entre situações que não controlo, perdi um bocado de espaço e tive de procurar novas soluções para mim.

«Hagi? Sinceramente é bastante complicado...»

zz - O Farul é a mais recente «solução». Como surgiu?

DQ - Depois do empréstimo ao Valladolid e voltar ao Famalicão, o meu contrato acabou e tive de procurar soluções para mim. Foi aí que me apresentaram esta proposta do Farul, que tinha acabado de ser campeão da Roménia e que tinha um treinador interessado nas minhas qualidades.

zz - Foi um convite fácil de aceitar?

DQ - Eu sabia que a minha situação não era muito vantajosa, não podia ser muito esquisito, por isso decidi aceitar esta aventura. E ainda bem que aceitei, porque agora estou muito melhor do que estava.

zz - As coisas estão a correr da forma que imaginavas nesta altura?

DQ - A adaptação ao novo clube e ao novo país foi um bocado complicada, mas a segunda parte da época correu muito bem e estou satisfeito. 

zz - Esse treinador que se interessou nas tuas qualidades é nada menos que o Gheorghe Hagi, provavelmente a maior lenda do futebol romeno. Como é trabalhar com ele?

Concluída a primeira temporada no Farul @Getty /

DQ - Sinceramente é bastante complicado. Ele é muito exigente, mete muita pressão nos jogadores porque ele procura sempre a perfeição e isso nos primeiros tempos foi difícil, até porque ele, em certas situações, tem pensamentos diferentes de tudo aquilo que eu tinha aprendido. No cômputo geral, é o treinador que aposta nos jovens e procura sempre o melhor para o clube, por isso tem sido bom trabalhar com ele.

zz - Com apenas 25 anos, ainda tens muito pela frente. Quais são os teus planos e objetivos, nesta altura?

DQ - No próximo ano ainda tenho contrato e veremos o que acontece. Espero continuar a dar o meu contributo e depois logo veremos o que o futuro traz. Existem várias ligas superiores à da Roménia e eu, sendo uma pessoa ambiciosa, quero sempre mais e melhor. É para isso que eu trabalho no Farul, para ajudar o clube, mas também para subir na minha carreira.

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