Direita dividida, esquerda desiludida: as reações dos partidos ao debate entre AD e PS

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Depois do mais esperado frente a frente da longa ronda de debates, os restantes partidos representados no Parlamento reagiram ao que foi anunciado e, também, ao que ficou por dizer. Perante a garantia de Pedro Nuno Santos de que viabilizaria um Governo minoritário da AD e o silêncio de Luís Montenegro diante do cenário inverso, partidos à direita falam de esvaziamento, mas também há quem aponte a clareza da posição. À esquerda a questão é menorizada e debate foi visto como pouco esclarecedor.

Direita dividida entre o esvaziamento e a clareza

À direita, liberais e o Chega dividem-se nas opiniões em relação ao que aconteceu ontem no Capitólio. André Ventura, do Chega, defendeu esta terça-feira que a posição assumida por Pedro Nuno Santos provoca um esvaziamento do espaço da AD e Rui Rocha, da Iniciativa Liberal até criticou falta de coragem dos dois candidatos, mas reconheceu a importância de Pedro Nuno Santos clarificar o que fará num cenário de derrota.

Para o presidente do Chega, a resposta de Pedro Nuno Santos esvazia o espaço da AD e liberta-o para o seu partido pois, argumenta, fica evidente "que o PS e o PSD se vão juntar no pós-eleições" e que Montenegro "só não o quis dizer". "Se querem continuar a perpetuar a governação socialista é votar no PSD ou no PS", afirmou.

Sobre o resto do debate, André Ventura lamentou a falta de respostas do PSD e PS, nos últimos anos, para responder às reivindicações das forças de segurança e a falta de destaque dado ao combate à corrupção na discussão.

Do lado liberal, Rui Rocha, presidente da IL, argumentou que houve falta de coragem e ambição "para mudar realmente o país", mas reconheceu a importância de Pedro Nuno Santos ter registado para os cenários pós-eleitorais, tal como já fizeram os liberais.

"A posição de Pedro Nuno Santos está registada, a da Iniciativa Liberal é a de que não viabiliza governos do PS, porque o nosso programa é mesmo muito diferente. Porque temos 21 anos de governação do PS nos últimos 30 anos, que conduziu o país à estagnação, a crescimentos económicos muito baixos, à emigração dos nossos jovens, a um país envelhecido, a um país com bolsas de pobreza que não conseguimos ainda resolver", disse.

À esquerda, desilusão

Do lado esquerdo do espectro político, o debate entre Pedro Nuno e Montenegro não encheu as medidas. Bloquistas falam de uma desilusão para os portugueses, comunistas menorizaram importância do debate e o Livre lamenta que tenha sido "pouco esclarecedor".

O Bloco de Esquerda, pela coordenadora Mariana Mortágua, veio dizer que o frente a frente desiludiu o eleitorado e defendeu que a posição assumida por Pedro Nuno Santos, em relação à viabilização de um Governo minoritário da AD, reforçou a necessidade de uma mobilização de voto à esquerda. "Esta tomada de posição veio adensar ainda mais a ideia de que a única solução para o país passa por uma maioria à esquerda", afirmou.

Paulo Raimundo, líder do PCP, desvaloriza o debate e insiste na ideia de que o fundamental é reforçar o número de deputados da CDU com assento na Assembleia da República "para mudar o rumo que o país tem seguido". 

Nem mesmo a posição tomada por Pedro Nuno Santos parece ser relevante para o secretário-geral dos comunistas que defende que esta é uma questão "que passa ao lado da vida das pessoas".

Rui Tavares, do Livre, também falou esta terça-feira sobre o debate referindo-se ao frente a frente como "pouco esclarecedor". Lamentou também a falta de resposta de Luís Montenegro em relação aos cenários pós-eleitorais no mesmo debate em que Pedro Nuno admitiu viabilizar um Governo minoritário da AD.

"Não fica esclarecido à direita - e Luís Montenegro [líder do PSD] não esclareceu isso - até que ponto tratará com a extrema-direita no dia a dia da governação de uma maneira que é igual à dos outros partidos", adiantou, referindo que o social-democrata "parece com uma grande ingenuidade" ao dizer que "se tiver um governo de maioria relativa, negoceia com todos por igual".

Com Lusa

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