O presidente do governo espanhol, bem como o primeiro-ministro irlandês, enviaram uma carta à presidente da Comissão Europeia a pedir que Bruxelas investigue se Israel está, ou não, a violar direitos humanos na Faixa de Gaza, anunciou o palácio de La Moncloa, nesta quarta-feira.
Pedro Sánchez e Leo Varadkar pediram a Ursula von der Leyen que se verifique se Israel está a cumprir os princípios do Acordo de Associação UE-Israel, que entrou em vigor no ano 2000.
A história é partilhada pela Cadena SER, que cita o artigo 2 do acordo: "As relações entre as partes devem ser baseadas no respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos", diz o mesmo.
É precisamente neste artigo que se baseiam Sánchez e Varadkar na missiva enviada a von der Leyen, acenando com um eventual incumprimento por parte de Telavive.
Caso a Comissão Europeia verifique uma irregularidade, estará aberta a porta para que os 27 Estados-membros possam acordar eventuais medidas contra Israel. Entre as possibilidades estão a suspensão do acordo, parcialmente ou totalmente.
"Não há outro caminho que não conseguir um aumento maciço e sustentado da ajuda humanitária" na Faixa de Gaza, diz a carta, enviada numa altura em que as atenções internacionais estão viradas para a situação "crítica" em Rafah, como a descreveu Sánchez no X (antigo Twitter).
Na mesma mensagem, o presidente do governo espanhol afirmou que "também foi recordado o horror de 7 de outubro", pedindo "a libertação de todos os reféns e um cessar-fogo imediato para facilitar o acesso de ajuda humanitária urgentemente necessária".
El compromiso de la UE con los derechos humanos y la dignidad no puede tener excepciones.
Ante la crítica situación en Rafah, Irlanda y España acaban de solicitar a la @EU_Commission que revise urgentemente si Israel está cumpliendo con sus obligaciones de respetar los derechos…
Os mediadores internacionais intensificaram esta quarta-feira os seus esforços para alcançar uma trégua entre Israel e o Hamas, na esperança de evitar um ataque terrestre israelita a Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza.
"As atividades militares numa zona tão densamente povoada seriam, naturalmente, uma catástrofe inimaginável e alargariam o âmbito do desastre humanitário para além do imaginável", alertou o representante da Organização Mundial da Saúde nos Territórios Palestinianos Ocupados, Rik Peeperkorn, citado pela Lusa.
No dia anterior, o responsável pelos assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, tinha alertado para o facto de as operações militares israelitas em Rafah "poderem conduzir a um massacre".
O ataque do Hamas causou a morte de mais de 1.160 pessoas, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da agência noticiosa francesa AFP baseada em dados oficiais israelitas. Nos ataques de 7 de outubro, o movimento islamita palestiniano, considerado terrorista pela União Europeia, Estados Unidos e Israel, fez 253 reféns, dos quais 130 ainda permanecem cativos em Gaza.
Em retaliação, Israel está a levar a cabo uma ofensiva militar em grande escala que já fez mais de 28.500 mortos em Gaza, a grande maioria civis, e dezenas de milhares de feridos, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
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