"Discurso de Montenegro no Congresso do PSD foi muito mau para a coesão social"

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Casa Comum

24 out, 2024 - 01:55 • José Pedro Frazão

A socialista Mariana Vieira da Silva e o social-democrata Duarte Pacheco analisam os anúncios de Luís Montenegro no final do Congresso do PSD e comentam ainda a resposta aos tumultos dos últimos dias em vários bairros da Grande Lisboa.

A antiga ministra Mariana Vieira da Silva questiona a vontade do Governo em agir na área da segurança interna, lembrando que o executivo não nomeou ainda um novo secretário-geral de Segurança Interna. Paulo Vizeu Pinheiro continua sem sucessor no cargo, depois de ter sido nomeado em março para o cargo de representante permanente de Portugal junto da NATO.

"Não aceito nenhum discurso de que é este Governo que está mais preocupado com a segurança, porque, se assim fosse, não estávamos há meses sem nomear o secretário-geral de Segurança Interna", critica Mariana Vieira da Silva, no programa "Casa Comum" da Renascença.

A vice-presidente da bancada socialista diz não ter visto novidades nos anúncios de Luís Montenegro no Congresso do PSD, em matéria de reforço de combate à criminalidade, e critica outros "anúncios que parecem complicados por parte do Governo" que revelam desinvestimento em matérias sociais.

"O afrouxar dessas preocupações, que se vai vendo com o fim do programa Bairros Saudáveis e com este discurso agora no Congresso [do PSD] é muito mau para a coesão social", afirma Mariana Vieira da Silva, que diz ter assistido a um Congresso "vazio" do partido que apoia o Governo.

Fraturas na Cidadania, tensões na Grande Lisboa e as ações europeias nas migrações

Na sequência do debate sobre a revisão do currículo da disciplina de Educação para a a Cidadania, Mariana Vieira da Silva articula os distúrbios dos últimos dias na Área Metropolitana de Lisboa como "um bom exemplo sobre a forma como nós não podemos alimentar certos discursos e não podemos desistir das dimensões sociais e dos projetos", acentuando que um elemento fundamental da socialização de muitos jovens destes bairros passa pela escola e neste tipo de projetos extracurriculares e na Educação para a Cidadania". A dirigente do PS ressalva, contudo, que não há uma relação de causalidade entre estas realidades.

Mais meios para um país seguro e acolhedor

Já para o social-democrata Duarte Pacheco, o Governo não pode deixar de agir na área do combate à criminalidade, dando meios às forças de segurança para manter a ordem.

"É preciso dar um sinal. Há uma sensação de que a criminalidade está a aumentar. Essa perceção existe nas pessoas. E querer fingir que não existe é novamente esconder a cabeça na areia", afirma o antigo deputado social-democrata, que compreende a necessidade do Governo "fazer algo" e "não baixar os braços".

Duarte Pacheco considera importante que o Governo passe para a opinião pública a mensagem de que o país "continua a ser seguro e a ser capaz de atrair e de acolher outras pessoas e de estarmos todos a viver em paz e em segurança", admitindo que a disseminação da videovigilância pode ser um instrumento nesse sentido.

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