Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és

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«Palavras à Sorte» é a rubrica diária dos jornalistas do zerozero durante o Euro 2024. Todos os dias, na Alemanha ou na redação, escrevemos um apontamento pessoal sobre a competição e todas as sensações que ela nos suscita.

Já todos ouvimos esta expressão, quase sempre para enfatizar um comportamento incorreto ou uma decisão mal tomada. As famosas «más companhias», esse «diabo» desviador dos bons costumes e do sucesso.  

Tal como na vida, a frase pode ser aplicada ao futebol. Afinal, é um desporto coletivo e, por isso, impossível de alienar à ideia de quem rodeia quem.  

Há uns dias, um narrador alemão dizia a propósito de Dominik Szoboszlai: «Quem o vê na seleção deve questionar-se o que é que motivou o Liverpool a pagar 70 milhões de euros por ele.» 

O comentador respondeu: «Coloca-o na seleção alemã e, talvez, percebamos o motivo.» 

Ontem, em Dortmund, dei por mim a pensar nisso a propósito de Robert Lewandowski. Superestrela, craque da cabeça aos pés, passou praticamente ao lado do jogo com a França. Marcou de grande penalidade, à segunda tentativa, mas pouco mais. 

É a sina dos grandes jogadores nascidos em países cuja expressão qualitativa em termos de seleção é parca. Szoboszlai e Lewandowski, com Hungria e Polónia, são dois dos maiores exemplos neste Campeonato da Europa. 

De Liverpool a Munique ou Barcelona, as companhias fazem a diferença. Mas há mais casos. 

O de Erling Haaland, por exemplo. Um herói dos tempos modernos, uma «máquina» trituradora de defesas contrárias que rodeado pelos melhores no futebol de clubes acaba por ter de percorrer o corredor penitenciário da seleção.  

No caso de Haaland, a norueguesa, que nem sequer está neste Europeu.  

Num exercício de memória, outros casos de profunda disparidade entre a qualidade individual e os seus contextos futebolísticos saltam à vista.  

Dwight Yorke (Trindade e Tobago) no seu tempo de glória no Manchester United, por exemplo; Jari Litmanen (Finlândia) quando fazia magia pelo Ajax; o mítico George Best (Irlanda do Norte) ou George Weah (Libéria), lenda em Paris e Milão. 

«Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.»  

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