Do árbitro ao Campeonato de Portugal: final da Conference League tem sabor luso

3 meses atrás 51

A final da Europa Conference League vai colocar frente a frente Olympiacos e Fiorentina, esta quarta-feira, e candidata-se a ser a final europeia sem equipas portuguesas, mas com maior ligação a Portugal de sempre. Uma história que não só passa pelo principal escalão do futebol luso, mas que visita até o Campeonato de Portugal.

No relvado da OPAP Arena, em Atenas, vão estar a disputar um título europeu dois atletas que são a prova viva de que Campeonato das Oportunidades é uma boa forma de definir o quarto escalão português. Confuso, caro leitor? Então aperte o cinto e acompanhe-nos na viagem, que passa por gregos e italianos, mas cujo destino final é a nação valente e imortal

Sertã e Gondomar como pontos de partida

Se lhe dissermos que tanto Olympiacos como Fiorentina chegam à discussão por um troféu europeu com jogadores que outrora foram estrelas no Campeonato de Portugal, acredita? Mergulhamos no baú e vamos dar à temporada 2015/16, quando ainda não existia Liga 3 e a competição era o terceiro escalão do futebol nacional.

Na Sertã, desponta um jovem francês de 19 anos: M'Bala Nzola. Com formação no Troyes, tinha chegado a Portugal no ano anterior para representar a Académica e até marcado no Dragão para a Taça da Liga, mas foi com a camisola do Sertanense que Nzola deu os primeiros passos num caminho que agora lhe traz a possibilidade de adicionar um troféu europeu ao currículo.

@Catarina Morais

27 jogos e nove golos - melhor marcador da equipa - depois, o agora internacional angolano, que deixou em Portugal um ar de «pouco comprometido», ajudou a concretizar o objetivo da manutenção na Sertã e seguiu caminho para Itália. Passou por Virtus Francavilla, Carpi 1909, Trapani e Spezia, onde se destacou nos últimos quatro anos ao ponto de levar a Fiorentina a contratá-lo no último verão. Esta época, Nzola soma sete golos e quatro assistências e teve papel preponderante na caminhada da Fiorentina até Atenas, ao resolver a primeira mão das meias-finais frente ao Club Brugge.

Do lado contrário, há também uma outra figura com ADN de Campeonato de Portugal: Chiquinho. É certo que, no caso do médio, a ligação a Portugal estende-se para lá do escalão inferior, não tivesse o jogador de 28 anos passado pelos grandes palcos nacionais com as camisolas de Académica, Moreirense, Benfica e SC Braga.

Antes disso, porém, quando ainda pertencia ao Leixões e dava os primeiros passos enquanto sénior, vestiu as cores do Gondomar SC na segunda metade de 2015/16, por empréstimo. A formação nortenha venceu a Série C, mas falhou depois a subida à II Liga. Chiquinho, na altura com 20 anos, fez 13 jogos e um golo pelo emblema da AF Porto, antes de voltar aos Bebés do Mar.

De dirigentes a jogadores, Grécia sempre atenta a Portugal

Pedro Alves e Carlos Carvalhal já não fazem parte do clube, caso contrário os laços com Portugal seriam ainda mais fortes, mas o que não falta no Olympiacos são elos de ligação ao nosso país. Para começar, o próprio dono do clube grego, Evangelos Marinakis, tornou-se recentemente acionista do Rio Ave. Contudo, já muito antes disso os helénicos tinham o olhar apontado para o que acontece em terras lusitanas.

Sem contar com o já mencionado Chiquinho, o Olympiacos tem nada mais, nada menos do que um, dois, três... nove jogadores que ou são portugueses ou têm um passado em Portugal. O melhor talvez seja dividir não o mal pelas aldeias, mas os nomes pelos setores.

Na defesa estão Rúben Vezo e David Carmo- o segundo também evoluiu no Campeonato de Portugal ao serviço do SC Braga B-, ambos chegados no mercado de janeiro, mas com impacto diferente. Se o antigo defesa do Vitória FC, que fez carreira em Espanha ao serviço de Valencia, Granada e Levante, foi opção em apenas cinco jogos, David Carmo tem sido quase indiscutível. O luso-angolano, emprestado pelo FC Porto, «pegou de estaca» no eixo defensivo grego e conta com 19 jogos.

@Getty /

Avançando para o setor intermédio, encontra-se Chiquinho, mas também mais três nomes que o leitor vai facilmente reconhecer: André Horta, outro dos nomes recrutados em janeiro pela mão de Pedro Alves, João Carvalho e ainda Sotiris Alexandropoulos. O médio grego, emprestado pelo Sporting, soma já 30 jogos e três golos esta temporada. O ex-SC Braga, por sua vez, tem sido peça preponderante desde que chegou a meio da temporada, contabilizando já 20 partidas e com dois golos e três assistências. João Carvalho, que está na terceira época de ligação ao emblema helénico, não sendo um titular indiscutível, é muitas vezes utilizado e soma 29 jogosum golo e duas assistências.

Restam, por fim, os atacantes: Gelson MartinsDaniel PodenceJovane Cabral e Fran Navarro. Os primeiros três estiveram ligados ao Sporting e voltaram agora a encontrar-se na Grécia. Podence tem sido, de resto, um dos jogadores mais influentes da temporada para o conjunto grego: 15 golos e dez assistências em 45 jogos. Gelson e Jovane, por outro lado, chegaram em janeiro e têm tido papéis diferentes no clube. O primeiro tem sido opção e conta com 15 jogos, dois golos e quatro assistências, mas Jovane tem apenas quatro jogos na segunda metade do ano. Para fechar, resta o espanhol Navarro, cedido em janeiro pelo FC Porto, que leva cinco golos em 18 jogos.

Até o apito é português

Como já foi possível perceber, ligações entre a final de quarta-feira e o futebol português não faltam, mas estas estendem-se mesmo até ao apito. Para além de jogadores e dirigentes, também o árbitro da final está relacionado com Portugal, não fosse ele... Artur Soares Dias.

Aos 44 anos, o árbitro da AF Porto vai apitar uma final europeia pela primeira vez na carreira. Esta quarta-feira, Soares Dias faz história ao juntar-se a um leque muito restrito na arbitragem portuguesa: é apenas o quarto árbitro luso a dirigir o encontro decisivo de uma prova da UEFA.

A final é entre Olympiacos e Fiorentina, gregos e italianos, mas com muito Portugal por detrás. Retomamos o parágrafo inicial: podemos estar perante a final mais portuguesa de sempre onde não existem equipas portuguesas.

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