"De acordo com contactos efetuados entre o Governo [Regional] e a Assembleia Legislativa [Regional dos Açores], ficou já garantido que nenhum doente em hotel terá de abandonar o seu quarto", disse à agência Lusa uma fonte oficial do executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.
O PS e o Chega nos Açores lamentaram hoje que devido à comemoração do Dia dos Açores - agendado para segunda-feira, na Horta (Faial) -, e discussão do Plano e Orçamento da região para 2024, no parlamento regional - que também funciona na cidade da Horta, entre terça-feira e sexta-feira -, os doentes deslocados naquela ilha devido ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada (São Miguel), estejam a ser retirados dos hotéis para alojamento dos políticos.
"Os membros do Governo dos Açores e as suas equipas de apoio com reservas em unidades hoteleiras no Faial, a propósito do Dia da Região e da semana plenária que se avizinha, estão nesta fase a procurar alternativas noutro tipo de unidades hoteleiras, libertando o maior número possível de quartos de hotel, em concreto das unidades que acolhem doentes deslocados", referiu à Lusa a mesma fonte do executivo açoriano.
Segundo a fonte, o Governo dos Açores "está, como desde o primeiro minuto, solidário com os doentes que tiveram de ser retirados do HDES, e tudo continuará a fazer para garantir o maior conforto possível a todos".
A secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, tinha informado hoje, em declarações à Lusa, que os utentes da ilha de São Miguel que se encontram no Faial a fazer hemodiálise, devido ao incêndio no HDES, iriam ser realojados por falta de disponibilidade dos hotéis onde foram inicialmente acolhidos.
Em causa estão 31 utentes, que foram transferidos para a ilha do Faial para continuar os tratamentos de hemodiálise.
Ao saber da situação, o Chega/Açores defendeu o cancelamento das comemorações do Dia dos Açores e do debate na Assembleia Regional, para evitar que os doentes abandonem os hotéis onde estão instalados.
Na opinião do líder José Pacheco, "a solução é muito simples": "Não temos alojamento, cancelamos o Dia dos Açores [agendado para segunda-feira, na Horta), cancelamos o Orçamento [que vai ser discutido no parlamento regional, que também funciona na cidade da Horta, entre terça-feira e sexta-feira]. Adiamos, fazemos noutro dia".
"Os Açores sobreviveram até agora sem Orçamento, podem sobreviver mais uma semana, quinze dias, um mês (...) Não morre ninguém por não haver Orçamento. E não morre ninguém se não se fizer o Dia dos Açores na Assembleia, na segunda-feira", defendeu.
Já o grupo parlamentar do PS/Açores propôs ao presidente do parlamento regional que altere a sessão plenária deste mês e mostrou disponibilidade para os deputados serem realojados e evitar que doentes deslocados no Faial abandonem hotéis.
A vice-presidente do grupo parlamentar socialista, Andreia Cardoso, escreveu a Luís Garcia a transmitir a "total disponibilidade" em ajudar a resolver o assunto e apresentou duas propostas.
A primeira está relacionada com a alteração da data de realização da sessão plenária deste mês, "permitindo, assim, dar mais tempo para a resolução desta situação, seja pela obtenção de outro tipo de alojamento, seja pelo regresso [dos doentes] às suas casas, caso depois possam garantir-lhes os demais cuidados na ilha de São Miguel".
Depois, uma vez que as reservas de alojamento foram feitas e estão em nome da Assembleia Legislativa, o PS assumiu a disponibilidade de todos os seus deputados "para se alojarem noutras unidades hoteleiras na eventualidade e na medida em que isso possa garantir as melhores condições de conforto e comodidade aos doentes".
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