Donald Trump quer tarifas de 2000% para carros chineses e alemães também tremem

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O candidato republicano trouxe para o epicentro do debate eleitoral a indústria automóvel. Marcas chinesas e europeias sustém a respiração.

Na próxima semana, dia 5 de novembro, os eleitores dos Estados Unidos da América escolhem o seu próximo presidente. E na reta final desta corrida, entre Kamala Harris (Partido Democrata) e Donald Trump (Partido Republicano), os automóveis são um dos tópicos no centro do debate.

Donald Trump acusa a candidata democrata de “querer acabar com todos os carros movidos a gasolina”, num novo anúncio da campanha publicado este mês e direcionado aos eleitores do Michigan, um dos estados onde a importância económica e social da indústria automóvel é maior.

Uma acusação que o Partido Democrata acusa de serem falsas. Referindo que as regras publicadas esta primavera pela Environmental Protection Agency (EPA ou Agência de Proteção do Ambiente), e defendidas pelo partido agora liderado por Kamala Harris, não exigem o fim dos motores de combustão.

Baixa de DetroitÉ no Estado do Michigan que encontramos a cidade que foi, outrora, o epicentro de toda a indústria automóvel americana: Detroit. Na imagem, o icónico Renaissance Center pertence à General Motors e tem sido a sua sede.

Estas novas regras exigem que, em 2032, a frota de carros em circulação nos EUA emita aproximadamente metade das emissões de dióxido de carbono (CO2) dos veículos vendidos atualmente. A EPA estima que para atingir esse objetivo, mais de dois terços dos carros novos vendidos em 2032 devam ser elétricos — cerca de oito vezes o volume atual. As marcas de automóveis podem, no entanto, cumprir estas metas com veículos movidos a gasolina mais eficientes.

Além dos eleitores americanos, também a indústria automóvel mundial está atenta. Em particular as marcas chinesas e europeias, com as marcas alemãs em destaque.

Mais produção nos EUA

A mensagem tem sido amplamente repetida em comícios, fóruns de discussão e até em podcasts. Donald Trump quer mais produção automóvel nos EUA. Uma preocupação que também orienta a linha do atual executivo, liderado por Joe Biden, que aumentou as tarifas sobre os veículos chineses para proteger a indústria americana.

Donald Trump vai mais longe e quer estender esse protecionismo a fronteiras mais próximas, nomeadamente ao México. Colocando em causa os atuais termos do acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que prevê condições especiais no comércio entre estes países.

O candidato republicano acusa uma marca chinesa, sem especificar qual, de estar a preparar “a maior fábrica de automóveis do mundo” no México, para “vendê-los para os Estados Unidos e destruir Detroit e todo o Michigan”.

produção do BYD ATTO3© BYD Com base na descrição, Trump poderá estar a referir-se à fabricante de automóveis BYD, que anunciou planos no início deste ano para construir uma fábrica no México.

Para evitar este cenário, Donald Trump sugeriu publicamente a introdução de tarifas de até 2000% sobre alguns carros estrangeiros: “Se eu for presidente deste país, vou aplicar uma tarifa de 100, 200, 2000%”. O objetivo é tornar inviável o comércio destes automóveis nos EUA.

Marcas alemãs em estado de alerta

A história poderá repetir-se, mas o desfecho poderá ser diferente. Apesar das críticas de Trump durante a sua primeira campanha eleitoral em 2016, marcas alemãs como a Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz evitaram tarifas de 35% negociando novos investimentos na produção de automóveis nos EUA, nomeadamente elétricos.

Grande parte dos subsídios recebidos por marcas alemãs nos EUA nos últimos seis anos foi para ajudar a aumentar a produção de veículos elétricos. Na imagem, a entrada da fábrica de Spartanburg, EUA, pertença da BMW.

Porém, Trump promete agora reverter as políticas de incentivos aos carros elétricos. “Vimos o que aconteceu na Alemanha quando os subsídios foram eliminados — as vendas de veículos elétricos caíram a pique”, afirmou John McElroy, analista do setor automóvel em declarações à DW.

Esta reversão das políticas fiscais para os elétricos, juntamente com um agravamento das tarifas para automóveis produzidos fora dos EUA, é a tempestade perfeita para as marcas alemãs. O México é um dos países onde marcas como a Volkswagen, BMW e Audi têm mais fábricas, a produzir principalmente para o mercado dos EUA.

De acordo com os dados da Associação Automóvel Alemã (VDA), em 2023 as marcas alemãs produziram 716 000 carros no México. Na imagem, a fábrica da Audi em San José Chiapa, no México, onde é produzido o Q5.

Recorde-se que os termos do acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), negociado em 2016 pelo executivo então liderado por Donald Trump, será novamente negociado em 2026. Em causa poderão estar tarifas de 200% para os automóveis produzidos no México.

Poderá ser um rude golpe para as marcas europeias. Ao contrário das marcas chinesas, as marcas de automóveis alemãs nos EUA têm um forte reconhecimento, são respeitadas e muito lucrativas.

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