É japonês, chegou a Portugal em 2010 e apaixonou-se: «Para mim só o Benfica»

8 meses atrás 66

O futebol tem o poder quase mágico de fazer com que as pessoas se apaixonem das formas mais curiosas pelo mais variado lote de coisas que existem e é assim que surgem estórias bonitas de ser contadas. Foi por mero acaso que encontrámos e conhecemos Jumpei Fujita, que gosta de ser conhecido por «Japa», um japonês que não esconde a louca paixão que tem pelo Benfica.

Japa chamou-nos à atenção nas redes sociais pela forma apaixonada como fala e acompanha o Benfica e isso levou-nos a querer perceber como é que um cidadão nascido e criado no Japão se tornou um adepto tão fervoroso das águias. A história de ligação entre as duas partes é já longa, remonta a 2010 e merece ser contada.

Japa e o seu ídolo, Aimar @Arquivo Pessoal

«Escolhi estudar português quando estava no Japão e entrei numa faculdade que tem especialidade nas línguas. Escolhi a língua portuguesa. Sempre quis trabalhar no mundo do futebol de alguma forma, como por exemplo como tradutor ou empresário, então comecei a estudar português no Japão em 2009. No ano seguinte, em 2010, decidi estudar português no curso de verão da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Fiquei aqui em Portugal, em Lisboa, e nessa altura fui ver o jogo do Benfica, do Jorge Jesus, no dérbi com o Sporting e outro jogo da Liga dos Campeões. Nessa altura apaixonei-me pelo Benfica porque jogava lá o meu ídolo, o Pablo Aimar. Eu e o Aimar fazemos anos no mesmo dia, 3 de novembro», começa por contar, sempre a falar em português (!), ao zerozero.

Desde aí que a ligação emocional de Japa ao Benfica apenas se fortaleceu. O japonês veio a Portugal diversas vezes ao longo do tempo e sempre tentou estar o mais próximo possível dos encarnados: «Uma vez fiquei aqui em Portugal durante duas semanas e fui 10 dias seguidos para o Seixal, para estar com os jogadores. Não aproveitei nada para passear. Passei o tempo todo lá, com frio, para conhecer os jogadores.»

«Já tirei foto com 50 ou mais jogadores. A partir de 2011, até 2020, sempre fui acompanhando o Benfica. Gostei muito de conhecer o Pablo Aimar. Na primeira vez que fui ao Seixal, em 2011, consegui conhecê-lo e tirar foto. Sempre gostei dele, mas cá consegui conhecê-lo. Conheci alguns treinadores e jogadores novos, como o Rúben Dias, Florentino Luís, Ferro ou o Gedson [Fernandes], que uma vez vieram ao Japão para um estágio de preparação do Mundial Sub-20 na Coreia do Sul», acrescenta.

Japa no referido estágio @Arquivo Pessoal

De resto, a ligação tornou-se tão forte que Japa é mesmo sócio - o Nº 180679 - do Benfica desde 2016, pagando sempre as quotas, «sem falta» nos últimos sete anos. Além disso, teve red pass durante muitos anos, «para não perder a oportunidade de ver a equipa», mas deixou de comprar por causa da pandemia de covid-19. Agora, está «à espera» porque «é mais difícil de comprar.»

Em 2020 mudou-se mesmo para Portugal, aproveitando o convite da UD Oliveirense- que passou a ter representação japonesa bastante forte na SAD - para ser secretário da administração, onde «fazia de tudo um pouco», incluindo tirar fotos nos jogos e treinos, «mesmo não sendo profissional». No entanto, a sua principal missão era servir de tradutor e intérprete entre os vários intervenientes, fruto da sua formação em língua portuguesa.

Atualmente já não está ligado à UD Oliveirense e trabalha numa empresa de videojogos, como analista de conteúdo em japonês, que o impede de ir tanto ao Seixal, mas alargou os seus horizontes no apoio ao Benfica: «Agora, como trabalho de segunda a sexta, não consigo. Costumo ir ao Seixal para os jogos da equipa B porque joga lá o Kokubo, que é japonês e é meu amigo. Sempre gostei de futsal e até cheguei a falar e tirar fotos com o Henmi [antigo jogador de futsal do Benfica], mas agora também vejo e gosto de outras modalidades, como o hóquei e o basquetebol.»

Japa e o presidente do Benfica, Rui Costa @Arquivo Pessoal

E outras paixões? Afinal, o Japão é um país com uma cultura futebolística já bastante forte e Japa apenas «conheceu» realmente o Benfica em 2010, mas não tem dúvidas em afirmar a pulmões abertos que só tem espaço no coração para uma equipa: «Para mim só o Benfica. Quando era mais novo gostava do Inter de Milão, mas desde que tinha 20 anos que só apoio o Benfica. Agora, também simpatizo e sou sócio da UD Oliveirense. Fui sempre acarinhado lá.»

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