"É mais do que evidente que conseguimos dar a volta" às sanções - Maria Zakharova

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"É mais do que evidente que conseguimos dar a volta à situação, às provas a que fomos submetidos", disse Zakharova à Lusa numa vídeoconferência, hoje em Moscovo.

"Não só conseguimos superar as dificuldades impostas do exterior, como estamos a construir uma base sólida para a concretização de planos estratégicos de desenvolvimento económico e social", adiantou.

A Rússia foi alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e União Europeia após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, que mergulhou a região num prolongado conflito e na maior crise de refugiados das últimas décadas no continente.

A eficácia das sanções tem sido limitada pelo recurso a países terceiros por parte da Rússia para fazer importações de países ocidentais, conforme reconhecem os governos norte-americano e de potências europeias.

Segundo Zakharova, "especialistas ocidentais" que não identifica consideram as "sanções contraproducentes e sem futuro".

"Após dois anos de exercícios sancionatórios, (...) começam a perceber que aquilo a que eles chamam sanções, uma tentativa de prejudicar o nosso país, causa danos colossais às suas próprias economias, à sua população e desenvolvimento", afirma.

Recorrendo a estatísticas oficiais, a directora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo aponta que o PIB do país cresceu, no ano passado, 3,6 por cento, e que as previsões do FMI para este ano superam a média dos países da União Europeia.

"Vamos lá a ver: contra quem foram decretadas as sanções? Além disso, a Rússia está a construir novas relações com países amigos, tanto bilaterais como no formato de alianças: União de Estados Independentes, BRICS ou Organização de Cooperação de Xangai. Enveredámos pela via da desdolarização e pela construção de mecanismos comerciais independentes do Ocidente. Está a ser um êxito o programa do recurso ao mercado interno em substituição das importações. Tire daqui as suas conclusões", frisou Zakharova.

A economia russa é fortemente dependente das exportações de petróleo e gás, antes da guerra sobretudo para países europeus e agora para a China, Índia e outros países.

Questionada pela Lusa também sobre perspectivas para uma solução de paz negociada para o conflito causado pela invasão da Ucrânia, Zakharova alegou que os países ocidentais não querem que a Ucrânia entre em negociações de paz, embora Kiev admita negociar se Moscovo admitir devolver o território ucraniano que anexou no atual conflito e a península da Crimeia, ocupada em 2014.

As condições russas para negociar, frisou a responsável, incluem os países ocidentais suspenderem os fornecimentos de armamento às Forças Armadas ucranianas e a paragem das "acções armadas" de Kiev, que não só se defende no seu território como tem atacado território russo com `drones`.

Além disso, "a Ucrânia deve regressar às fontes da sua estadualidade, retornar à neutralidade, a um estatuto fora de blocos e anti-nuclear. Deve reconhecer a língua russa, respeitar as liberdades e direitos dos cidadãos e das minorias étnicas, afastar-se da ideologia neonazi", adiantou, recorrendo à caracterização feita pelo Kremlin do governo eleito de Volodymyr Zelensky.

"Não se vê, nem em Kiev nem no Ocidente, qualquer vontade política voltada para a paz, a retórica agressiva continua. O pensamento da Ucrânia está associado à guerra", considerou, acusando em particular "França, Alemanha e outros" de "sabotar os acordos" de paz de Minsk - acusação que é devolvida pela Ucrânia e pelos países ocidentais.

"Rússia está aberta a todas as propostas, desde que sérias, fundamentadas na realidade e apontadas à segurança. Quanto à retórica de ameaças e chantagem, é coisa que não aceitamos", frisou Zakharova.

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