Economia portuguesa apresenta excedente externo de 3,3 mil milhões até abril

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Os dados revelam que até abril de 2024, a economia portuguesa apresentou um excedente externo de 3,3 mil milhões de euros, que compara com um excedente de 0,5 mil milhões de euros no período homólogo.

O Banco de Portugal publicou hoje as estatísticas da balança de pagamentos atualizadas para abril de 2024. A balança de pagamentos regista as transações entre residentes e não residentes ocorridas durante um determinado período. Esta é composta pela balança corrente, que inclui as balanças de bens e de serviços, e de rendimentos primários e secundários, pela balança de capital e pela balança financeira.

Os dados revelam que até abril de 2024, a economia portuguesa apresentou um excedente externo de 3,3 mil milhões de euros, que compara com um excedente de 0,5 mil milhões de euros no período homólogo.

Esta evolução reflete a diminuição do défice da balança de bens, de 463 milhões de euros, para o qual contribuiu tanto o aumento das exportações (em 237 milhões, ou 0,9%) como a diminuição das importações (em -227 milhões de euros, ou -0,7%).

Mas também o aumento do excedente da balança de serviços, de 827 milhões de euros, justificado sobretudo pelo aumento de 660 milhões do saldo de viagens e turismo.

Também a explicar o excedente está “a diminuição do défice da balança de rendimento primário, de 1.437 milhões de euros, devido tanto à maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia na forma de subsídios como ao aumento dos rendimentos de investimento recebidos do exterior”.

Bem como a diminuição do excedente da balança de rendimento secundário, de 119 milhões de euros.

O aumento do excedente da balança de capital, de 195 milhões de euros, foi  principalmente devido a uma maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia com vista ao investimento.

“A capacidade de financiamento da economia portuguesa nos primeiros quatro meses de 2024 traduziu-se num saldo da balança financeira de 3.283 milhões de euros”, refere o BdP.

O aumento dos ativos sobre o exterior, de 17.160 milhões, superou o aumento dos passivos, de 13.877 milhões de euros. Como exemplo de ativos estão os títulos de dívida emitidos por não residentes e como exemplo de passivos estão os títulos de dívida detidos por não residentes.

No que toca apenas ao mês de abril, o banco central revela que o saldo da balança corrente e de capital foi de 1.089 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 1.205 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2023.

Isto porque a balança de bens e serviços apresentou um saldo de 40 milhões de euros, o que traduz uma redução de 56 milhões em relação ao mês homólogo, em resultado do aumento, de 30 milhões, do défice da balança de bens, para 2.017 milhões de euros.

Esta queda deveu-se a um aumento das importações, de 1.022 milhões de euros (13,2%), superior ao das exportações, de 992 milhões de euros (17,2%).

A contribuir para a redução do saldo da balança de bens e serviços está ainda a queda do excedente da balança de serviços, de 25 milhões de euros, para 2.057 milhões de euros. Pois as exportações de serviços aumentaram 8,7% e as importações de serviços cresceram 19,3% relativamente a abril de 2023.

Este crescimento das importações é transversal à grande maioria das componentes da balança de serviços, diz o BdP.

Já o incremento das exportações reflete sobretudo o contributo das viagens e turismo (+120 milhões de euros). As exportações de viagens e turismo totalizaram 2.058 milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de abril.

O banco central detalha ainda que a balança de rendimento primário apresentou um excedente de 539 milhões de euros. “Foi o saldo mais elevado de sempre para um mês de abril, resultado de uma variação homóloga de 1.297 milhões de euros”, revela o BdP.

Esta variação é justificada principalmente pela evolução dos rendimentos de investimento, registando-se um aumento de 428 milhões de euros do recebimento de rendimentos de investimento do exterior e um decréscimo de 415 milhões do pagamento deste tipo de rendimentos ao exterior.

Para o excedente da balança de rendimento primário também contribuiu a variação positiva, de 442 milhões de euros, da atribuição aos beneficiários finais de fundos comunitários na forma de subsídios, acrescenta.

Já a balança de rendimento secundário apresentou um excedente de 299 milhões de euros, que compara com um excedente de 424 milhões no mês homólogo. Esta diminuição, de 126 milhões de euros, é justificada, em grande parte, pelo envio de 100 milhões de euros de apoio à Ucrânia no âmbito da participação de Portugal num programa internacional de aquisição de munições.

A balança de capital apresentou um excedente de 211 milhões de euros, o que traduz um aumento de 89 milhões relativamente ao período homólogo, por via de uma redução expressiva na compra de licenças de emissão de CO2 ao exterior, refere o BdP.

Por sua vez, a capacidade de financiamento da economia portuguesa em abril de 2024 traduziu-se num saldo da balança financeira de 1.798 milhões de euros. Este saldo reflete “o aumento dos ativos sobre o exterior, de 5.975 milhões de euros, com destaque para os ativos externos das administrações públicas em títulos de dívida (2.311 milhões de euros) e unidades de participação de fundos de investimento (1.177 milhões de euros), de bancos em títulos de dívida (1.489 milhões de euros) e em numerário e depósitos (499 milhões de euros), e de sociedades não financeiras em depósitos (312 milhões de euros)”.

A capacidade de financiamento da economia portuguesa reflete ainda “o aumento dos passivos externos, de 4.177 milhões de euros, explicado pelo financiamento das administrações públicas junto de não residentes através de títulos de dívida pública (1.338 milhões de euros) e de empréstimos (1.203 milhões de euros), e pelo aumento dos depósitos do resto do mundo em bancos portugueses (1.337 milhões de euros)”.

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