Egito e Etiópia trocam farpas sobre negociações de barragem no Nilo

9 meses atrás 89

A Grande Barragem do Renascimento (GERD), assim batizada pelos etíopes, custou até agora cerca de 3,5 mil milhões de euros e tem estado no centro de intensas tensões regionais desde que a Etiópia iniciou a sua construção em 2011.

O Egito e o Sudão, situados a jusante, consideram o projeto uma ameaça ao seu abastecimento de água e têm pedido repetidamente a Adis Abeba que pare de encher o dique até ser alcançado um acordo sobre o seu funcionamento.

A Etiópia continua, porém, a encher o reservatório, tendo-o feito pela última vez em 10 de setembro.

Uma quarta ronda de negociações, realizada entre 17 e 19 de dezembro na capital etíope, "fracassou devido à recusa persistente da Etiópia de aceitar qualquer solução de compromisso técnico ou jurídico que salvaguarde os interesses dos três países", denunciou o ministério egípcio dos Recursos Hídricos e da Irrigação, num comunicado divulgado na terça-feira à noite.

"Tornou-se claro que a Etiópia está a optar por continuar a explorar o processo de negociação como um pretexto para consolidar um facto consumado no terreno", acusou ainda o ministério.

O Egito "acompanhará de perto o enchimento e o funcionamento da GERD e reserva-se o direito, em conformidade com as cartas e os acordos internacionais, de defender a sua água e a sua segurança nacional em caso de danos", ameaçou o ministério egípcio.

A Etiópia "esforçou-se e empenhou-se ativamente com os dois países ribeirinhos a jusante para resolver os principais pontos de divergência e chegar a um acordo amigável", respondeu o ministério etíope dos Negócios Estrangeiros igualmente através de um comunicado no qual acusou o Egito de ter "conservado uma mentalidade da era colonial e de ter erguido obstáculos aos esforços de convergência".

Adis Abeba manifestou ainda a sua disponibilidade "para chegar a um acordo amigável e negociado que satisfaça os interesses dos três países e aguarda com expectativa o reinício das negociações".

Até à data, as negociações anteriores sobre o enchimento e a exploração da barragem não permitiram chegar a um acordo.

A megabarragem hidroelétrica (1,8 quilómetros de comprimento e 145 metros de altura) deverá vir a produzir mais de 5.000 megawatts e é considerada vital por Adis Abeba, que prevê duplicar a produção de eletricidade na Etiópia, à qual apenas metade dos 120 milhões de habitantes tem atualmente acesso.

O Egito encara a barragem como uma ameaça existencial, uma vez que depende do Nilo para 97% das suas necessidades de água.

A posição do Sudão, atualmente em guerra civil, tem oscilado nos últimos anos.

Leia Também: Sudão. Pelo menos 4 crianças/semana morrem por falta de cuidados médicos

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Sétimo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Apple Store Download Google Play Download

Ler artigo completo