No seu discurso na cimeira da Liga Árabe, no Bahrein, Abdel Fattah al-Sisi afirmou que "não existe uma verdadeira vontade política internacional disposta a pôr fim à ocupação" de Israel na Palestina, nem "a abordar as raízes do conflito através da solução de dois estados".
O Presidente egípcio defendeu que a região se encontra num "momento decisivo", entre a "infeliz incapacidade" da comunidade internacional para travar o cerco e os massacres atribuídos a Israel, que "continua a fugir à sua responsabilidade" para um cessar-fogo na Faixa de Gaza entre as forças de Telavive e o grupo islamita palestiniano Hamas.
"O Egito manterá a sua posição firme, de facto e de palavra, rejeitando a resolução da questão palestiniana e a deslocação forçada dos palestinianos", disse al-Sisi, que avisou aqueles que acreditam em soluções militares para alcançar a segurança na região que "estão enganados".
Para o líder do Egito, um dos países mediadores das negociações para uma trégua entre Israel e o Hamas, "todas as gerações futuras, sejam palestinianas ou israelitas, merecem uma região onde a justiça seja alcançada, a paz e a segurança prevaleçam, uma região onde as esperanças para o futuro superem a dor do passado".
Por sua vez, o Rei Abdullah II da Jordânia alertou para tentativas de se expulsar os palestinianos das suas casas na Faixa Gaza, bem como de se separar o enclave e a Cisjordânia.
"A guerra deve parar e o mundo deve assumir a sua responsabilidade moral para pôr fim a um conflito que dura há mais de sete décadas", apelou igualmente na cimeira da Liga Árabe.
O monarca da Jordânia, país vizinho de Israel e da Palestina, e que acolhe mais de dois milhões de refugiados palestinianos, salientou que "a destruição que Gaza está a testemunhar hoje terá consequências importantes para gerações que experimentaram a morte e a injustiça" e que precisarão de "anos para recuperar".
Da mesma forma, Abdullah II referiu a necessidade de mobilizar todos os mecanismos internacionais necessários para garantir que a deslocação dos palestinianos e a "separação entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza" sejam evitadas.
Por outro lado, sublinhou que a Jordânia continuará a trabalhar para "preservar o estatuto histórico e jurídico" de Jerusalém, protegendo e cuidando dos seus lugares sagrados muçulmanos e cristãos, com base no acordo ratificado com Israel em 1994.
A cimeira da Liga Árabe está a ser dominada pelo conflito na Faixa de Gaza, iniciado em 07 de outubro com um ataque do Hamas a Israel, que deixou quase 1.200 mortos e cerca de 250 pessoas levadas como reféns.
Desde então, Israel leva a cabo uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que já provocou mais de 35 mil mortes, na maioria civis, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, e mergulhou o território numa grave crise humanitária.
As negociações para uma trégua, mediadas por Egito e Qatar, encontram-se num impasse, à medida que Israel executa uma operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde se encontram milhares de palestinianos deslocados.
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