Os destaques do clássico entre dragões e leões (2-2), a contar para a 31ª jornada da Liga Portugal Betclic. No Estádio do Dragão, o FC Porto esteve a ganhar, mas um bis de Viktor Gyökeres reestabeleceu a igualdade e confirmou o empate.
Que cheatcode!
Jogar com Gyökeres parece injusto, caro leitor. Quiçá, uma batota. O Sporting jogou mal na primeira parte. Bastante mal. Até ao intervalo, os dragões venciam tranquilamente e a vantagem era curta para o que foi produzido. Contudo, entrou Gyökeres e tudo mudou. Mesmo condicionado - o que foi visível em alguns lances -, esta máquina de golos não tem descanso. Começou trapalhão, mas acabou com um bis. Tão impressionante quão inevitável.
Sniper numa mão, batuta na outra e piano às costas
Noite endiabrada do brasileiro, daquelas de encher o olho. Pepê fez tudo: ajudou a defender, foi forte na pressão, criou e marcou. Seja no corredor central ou mais descaído para a direita, o brasileiro foi um autêntico tormento para a defensiva leonina. O grande motor dos azuis e brancos.
«Olá, sou o Martim e sou o melhor lateral direito do FC Porto»
Começou a tarde, entre os adeptos comuns, como: «Mas quem é este gajo?». Acabou a noite como: «Quem é que para este gajo?». Uma estreia que fez por dispensar qualquer futura apresentação. Martim secou o disfuncional corredor esquerdo do Sporting - teve mais trabalho quando entrou Nuno Santos, mas não se deu mal - e perfurou a pouco rotinada defensiva leonina. Como se não bastasse, rubricou uma assistência daquelas que é de presença obrigatória nos highlights de fintas e jogadas da época. Arrancou desde o meio-campo, sentou Hjulmand e tocou para Pepê, como quem diz: «Faz tu que isto para mim está fácil!»
O irmão mais velho de Martim
Esta ala direita do FC Porto podia ter, já na segunda-feira, um duelo de interturmas, mas não. Em vez disso, fez mossa ao talvez futuro campeão nacional. Com um elemento menos experiente atrás, Francisco foi solidário, ajudou na pressão e deu o exemplo na manobra ofensiva. Não marcou, nem assistiu, mas foi essencial.
45 minutos à dragão
Que bela primeira parte de Evanilson! O brasileiro, expulso contra o FC Famalicão, voltou à titularidade e logo cheio de força! Aproveitou muito bem as debilidades no corredor esquerdo do Sporting e, com vários movimentos diagonais, explorou bem os espaços deixados pelo leão. Além de se mostrar bem no apoio, foi letal na frente da baliza e, bem cedo, abriu o marcador.
Prometeu e cumpriu
No final do último jogo, contra o Casa Pia, Nico González foi, para alguns, polémico e afirmou que, de momento, o FC Porto joga melhor que o Sporting, líder do campeonato. Concordando ou não, caro leitor, o que é certo é que o jogo de Nico, frente ao leão, foi digno de um dos melhores jogadores do campeonato. Lidou bem com Hjulmand e Bragança, equilibrou a equipa e, confiante de costume com bola, colocou os dragões a jogar - e de que maneira! Exibição muito, muito competente do espanhol.
Remar contra a maré
O deslize - literal - no lance do segundo golo não borra a pintura. Hjulmand fez uma exibição de mão cheia no Dragão. Nem sempre saiu bem o jogo ao médio, mas tentou, tentou e tentou. Foi incansável no processo defensivo, mostrou-se sempre ao jogo - inúmeras vezes com os braços no ar, a pedir bola - e fez por ser feliz. No lance do segundo golo, pressionou e obrigou o adversário a errar. Por fim, importa reafirmar: é um capitão sem braçadeira; no lance do primeiro golo, mal a bola entrou, Hjulmand dirigiu-se rapidamente à linha lateral e, face à ausência de bola no centro de jogo, pediu ao apanha-bolas, ordeiramente, o retorno do esférico. Pormenores que fazem a diferença.
Um assistente de ouvidos moucos
Luz, Vila do Conde, Dragão... A lista onde Nuno Santos é assobiado é grande. Ainda assim, isso pouco importou ao esquerdino. Entrou à hora de jogo e foi suficiente. Explorou infinitamente melhor o corredor esquerdo e coroou o abanar do jogo com uma assistência, com conta, peso e medida, para o primeiro do Sporting.
Sem a desculpa da triste adaptação
Diomande e Inácio. Rúben Amorim tem uma vocação para «surpreender» em jogos grandes. Já correu bem - com Quaresma, na primeira volta - e já correu mal - nas restantes. A surpresa de Gonçalo Inácio na lateral esquerda - adivinhe, caro leitor, correu mal. Contudo, para piorar a situação, Diomande esteve tão mal ou pior - e sem a desculpa da adaptação. Além de não conseguir ajudar, piorou: os dois golos nasceram por ali. Dificultou a tarefa ao leão.
Teve de ser e foi o que foi
Em condições normais, Paulinho não ia ser titular - pelo menos, não sem Gyökeres. Foi aposta face ao problema físico do sueco e não foi feliz. O Sporting não teve propriamente enormes dificuldades em chegar ao meio-campo do FC Porto, mas por lá não criou perigo algum, pelo menos na primeira parte. Com Gyökeres, continuou desaparecido. Exibição cinzenta.