Eleições Moçambique. Podemos acusa órgãos eleitorais de manipulação de resultados

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"Os resultados que nós temos, com evidências numéricas das urnas, não são os que estão a ser apresentados [pelos órgãos eleitorais] nos distritos. Os resultados que estamos a ter a nível dos distritos não são aqueles que o povo efetivamente depositou nas urnas. Isto tudo visa responder uma ordem superior para que o Podemos não consiga estar no primeiro nem no segundo lugar", declarou o presidente do Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, em conferência de imprensa em Maputo.

Segundo o presidente do partido, que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, a suposta manipulação visa garantir que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal força de oposição, continuem a dominar a Assembleia da República.

"Nós temos provas do que estamos a dizer. Temos as atas e os editais das mesas. Os resultados anunciados até aqui não correspondem à verdade", frisou Forquilha, acrescentando que o outro objetivo é manter os dois principais partidos moçambicanos no "controlo".

Segundo o presidente do partido, o Podemos enfrentou diversos desafios para acreditação dos membros do partido que deviam fiscalizar o processo em vários pontos do país, destacando o caso em que um dos mandatários do partido foi assaltado e perdeu diversos credenciais em Maputo, tendo os órgãos eleitorais alegadamente rejeitado pedidos para obtenção de novos documentos.

Albino Forquilha avança ainda que o Podemos não vai permitir que a suposta injustiça prevaleça, considerando que o partido vai explorar todos meios legais para a reposição da justiça, mas, caso os órgãos eleitorais validem os resultados supostamente fraudulentos, "o povo saberá o que fazer".

"Este processo eleitoral em Moçambique não é apenas de um partido, é do povo moçambicano. Se o processo eleitoral não respeita a democracia, então temos de encontrar outros mecanismos para que a justiça seja reposta neste país", frisou.

Em 21 de agosto deste ano, aquela força política anunciou o apoio a candidatura de Venâncio Mondlane à Presidência, após o Conselho Constitucional (CC) excluir, no início daquele mês, em definitivo, a Coligação Aliança Democrática (CAD), que tentou apoiar o político moçambicano.

O Podemos, registado em maio de 2019, é fruto de uma dissidência de antigos membros da Frelimo, que pediam mais "inclusão económica", tendo abandonado o partido no poder, na altura, alegando "desencanto" e diferentes ambições.

As eleições gerais de quarta-feira incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

De acordo com a legislação eleitoral, até ao final do dia de hoje deve estar concluído o apuramento dos resultados provinciais, tendo o apuramento ao nível dos 154 distritos do país sido concluído no fim de semana.

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias (contados após o fecho das urnas), antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

A votação incluiu legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir.

A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.

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