Eleições na Madeira. Pedro Nuno Santos acusa Montenegro de tentar "enganar portugueses sobre a Constituição"

3 meses atrás 91

27 mai, 2024 - 21:30 • Susana Madureira Martins e Ricardo Vieira

Líder socialista considera legítimo o acordo entre PS Madeira e JPP para tentar formar um governo na Madeira.

O secretário-geral socialista apoia a decisão o PS Madeira de tentar fazer uma "geringonça" na Madeira com o Juntos pelo Povo (JPP) e outros partidos, para afastar o PSD do poder após as eleições regionais de domingo. Pedro Nuno Santos deixa críticas a Luís Montenegro.

"Não interfiro nem participo nas negociações que aconteçam no quadro das eleições regionais da Madeira. O que esperamos é que, no quadro da assembleia regional da Madeira, sejam encontradas soluções de governabilidade", sublinhou o líder socialista.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha para as eleições europeias, Pedro Nuno Santos pediu a Luís Montenegro que não "engane os portugueses" sobre as soluções de governo na Madeira.

"É muito importante que, desde logo o primeiro-ministro, não engane os portugueses sobre o que diz a Constituição. As eleições para a Assembleia da República ou para a assembleia legislativa regional das regiões autónomas não são a mesma coisa que a eleição para uma autarquia local. Numa autarquia ganha quem tem mais votos, na Assembleia da República ou na assembleia legislativa regional são eleitos representantes do povo, que encontram soluções de governo", sublinhou o secretário-geral do PS.

Questionado se é legítimo que formem PS e JPP formem uma coligação após a vitória do PSD na Madeira (sem maioria absoluta), Pedro Nuno Santos respondeu afirmativamente.

"Voltamos a insistir no erro. Quantos mais anos é que vamos ter que explicar isto. O PSD também não tem maioria. O que temos de aceitar e perceber é que os grupos parlamentares conversam e tentam construir entendimentos. E é assim que funciona uma democracia parlamentar, seja na República seja nas regiões autónomas", defende o líder socialista.

PS e JPP anunciam acordo para tentar formar governo na Madeira

"De uma vez por todas temos que encarar o funcionamento da democracia como ela está prevista na nossa Constituição e não reescrever a nossa Constituição em discursos. Ela é como é. E se o PS e outros grupos parlamentares não têm maioria, o PSD também não tem essa maioria."

Após as eleições legislativas de março, o PS viabilizou um governo minoritário da AD. Pedro Nuno Santos responde que: "não foi essa a nossa opção no quadro da República, isso nada tem que ver com o que decidem os nossos camaradas na Madeira."

E está confortável com o PS a negociar com CDS e IL na Madeira? "As realidades são completamente diferentes na República e na Madeira. Não faço nenhum juízo sobre as opções que o PS Madeira está a tomar, está a fazer o seu trabalho", sublinhou Pedro Nuno Santos.

O PS e o Juntos pelo Povo (JPP) anunciaram esta segunda-feira um acordo pós-eleitoral na Madeira, para tentar formar um novo Governo na região autónoma com o apoio do PAN, CDS e Iniciativa Liberal.

O anúncio foi feito numa conferência de imprensa conjunta com o socialista Paulo Cafôfo e Élvio Sousa do JPP, um dos vencedores das eleições de domingo.

O primeiro-ministro acusou esta segunda-feira os derrotados das várias eleições de estarem “mais ocupados em geringonçar uns com os outros” do que em ser oposição construtiva e prometeu manter a “dinâmica do Governo” após as europeias.

Num comício em Évora, no primeiro dia da campanha eleitoral para as europeias, Luís Montenegro quis deixar um recado sobre as regionais de domingo na Madeira, em que o PSD venceu com maioria relativa, mas generalizou a crítica aos derrotados dos vários sufrágios recentes.

“Enquanto nós vencermos eleições, nós vamos governar: nós os vencedores das eleições estamos concentrados em governar, os derrotados das eleições estão concentrados em geringonçar”, criticou.

Luís Montenegro acusou os que perderam as eleições de manterem “uma postura de altivez e arrogância”.

Destaques V+

Ler artigo completo