"Eleições roubadas". Oposição pró-europeia da Geógia contesta resultados

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Segundo a Comissão Central de Eleições da Geórgia, o partido Sonho Georgiano ganhou com 52,99%, com a maioria dos votos contados.

A recusa da oposição pró-europeia em aceitar os resultados foi anunciada após as autoridades terem afirmado que o partido no poder, Sonho Georgiano, lidera a votação.

"Não reconhecemos os resultados distorcidos de eleições roubadas", declarou Tina Bokuchava, líder do Movimento Nacional Unido (MNU), numa conferência de imprensa.

Já o líder do partido Akhali, também na oposição, denunciou "uma usurpação do poder e um golpe constitucional".

As eleições de hoje na Geórgia são consideradas por especialistas como fundamentais para saber se no futuro o país se volta para o Ocidente e entra na União Europeia (UE) ou torna a cair na órbita da Rússia.

Muitos georgianos encararam a votação como um referendo decisivo sobre a oportunidade de aderir à União Europeia (UE). Os números iniciais sugerem que a afluência às urnas foi a mais elevada desde que o partido no poder, Sonho Georgiano, foi eleito pela primeira vez em 2012.

A oposição declarou inicialmente a vitória pouco depois do encerramento das urnas, às 20h00 locais (16h00 TMG).

Se a vitória do Sonho Georgiano se confirmar, o partido terá uma maioria parlamentar que irá alimentar os receios quanto à candidatura do país para aderir à União Europeia, já que o partido se tem tornado cada vez mais autoritário, adotando leis semelhantes às utilizadas pela Rússia para reprimir a liberdade de expressão.

Após a aprovação de uma dessas leis no início deste ano, Bruxelas suspendeu o processo de adesão da Geórgia à UE.

Bidzina Ivanishvili, fundador do Sonho Georgiano, reivindicou a vitória quase imediatamente após o fecho das urnas e disse: "É raro no mundo que o mesmo partido consiga tal sucesso numa situação tão difícil".

Já Tina Bokuchava, presidente do partido da oposição Movimento Nacional Unido, acusou a Comissão Eleitoral Central de cumprir a "ordem suja" de Ivanishvili e afirmou que este "roubou a vitória ao povo georgiano e, consequentemente, roubou o futuro europeu".

A deputada afirmou que a oposição não vai reconhecer os resultados e que "vai lutar como nunca" antes para recuperar o futuro europeu.

Os observadores eleitorais georgianos, que colocaram milhares de pessoas em todo o país para monitorizar a votação, afirmaram que houve múltiplas violações e que os resultados "não correspondem à vontade do povo georgiano".

A campanha pré-eleitoral no país do Cáucaso do Sul, com 3,7 milhões de habitantes e que faz fronteira com a Rússia, foi dominada pela política externa e marcada por uma luta acesa pelos votos e por alegações de uma campanha de difamação.

Alguns georgianos queixaram-se de intimidação e de terem sido pressionados a votar no Sonho Georgiano, enquanto a oposição acusou o partido de levar a cabo uma "guerra híbrida" contra os seus cidadãos.

O maior partido da oposição, o Movimento Nacional Unido, afirmou que a sua sede foi alvo de ataques no dia das eleições.

Os meios de comunicação social georgianos informaram também que duas pessoas foram hospitalizadas depois de terem sido atacadas à porta das assembleias de voto, uma na cidade ocidental de Zugdidi e a outra em Marneuli, cidade a sul da capital, Tbilisi.

Houve também relatos de múltiplas irregularidades na votação. Um vídeo partilhado, hoje, nas redes sociais no sábado mostrava também um homem a colocar os boletins de voto numa caixa numa assembleia de voto em Marneuli.

O Ministério do Interior da Geórgia declarou ter iniciado uma investigação e a Comissão Eleitoral Central indicou que tinha sido aberto um processo criminal e que todos os resultados da assembleia de voto seriam declarados inválidos.

Antes das eleições parlamentares, Ivanishvili - o bilionário obscuro que criou o Sonho Georgiano e fez fortuna na Rússia - prometeu novamente proibir os partidos da oposição caso o seu partido ganhe.

De acordo com as sondagens, cerca de 80% dos georgianos são a favor da adesão à UE e a Constituição do país obriga os seus dirigentes a aderir a esse bloco e à NATO.

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