Eles já nasceram na UE e não imaginam uma Europa com fronteiras

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Ricardo e Mariana, ambos de 16 anos, ainda não votam, mas a realidade europeia não lhes é distante. São alunos da Escola Europeia de Ensino Profissional, em Braga, que tem a chancela de embaixadora do Parlamento Europeu.

Quando questionados sobre a importância da União Europeia, Ricardo não hesita. “É sempre importante, porque temos os apoios da União Europeia. Ela financia-nos”, aponta.

“Mas, também, o facto de podermos ir a outros países sem passaporte. Também temos o Erasmus, que nos ajuda muito a viajar para outros países”, acrescenta o jovem estudante, lembrando ainda que “há direitos que temos graças à União Europeia”.

E é o programa Eramus+ de apoio à educação, à formação, à juventude e ao desporto na Europa que mais cativa Mariana, que à Renascença admite ter nos planos uma experiência em Itália.

“Acho que toda a gente gostaria de estagiar internacionalmente, conhecer países novos e descobrir as suas capacidades", afirma a estudante, sublinhando o potencial de crescimento de uma experiência que permite perceber, por exemplo, se "conseguimos realmente ser independentes noutro país".

Para Hugo Silva, de 23 anos, quando se fala de União Europeia “tudo é importante”.

“Todas as regras têm impacto no nosso dia-a-dia”, acredita o licenciado em cinema, que sublinha a importância do “interesse” dos portugueses nas eleições para o Parlamento Europeu — sobretudo numa altura em que se assiste ao “crescimento da extrema-direita”.

“É uma questão que me preocupa muito”, reconhece. “Estamos a ver um crescimento enorme no fascismo em vários países, como vimos em Itália", sustenta, que vêm com preocupação o "aumento do Chega" em Portugal. "É um bocado preocupante e gostava de ver esse assunto debatido”, pede o jovem, que assume ser de esquerda.

A crise climática é outra das preocupações de Hugo Silva. “Temos tido bastantes impactos — tanto em Portugal, com os fogos, como na Alemanha, quando houve as cheias”, lembra o jovem, que espera que a União Europeia possa fazer mais para “minimizar o impacto ambiental”.

Emigrante no Reino Unido, Diana, de 24 anos, assistiu ao processo do Brexit e acredita que o país britânico “ficou pior”. Mais uma razão, sublinha a jovem, para valorizar a integração de Portugal na União Europeia.

“Notou-se muito a diferença”, conta. “Muitos imigrantes tiveram de sair do país e chegou a um ponto em que tudo aumentou de preço, até mesmo nos supermercados e nas lojas”, explica.

“O processo [de saída do Reino Unido da EU] foi mais ou menos fácil para quem pertence aos estado-membros da UE, mas para muitos que eram provenientes de outros países, as coisas ficaram mais difíceis”, relata. “Houve quem perdesse acesso a certos serviços públicos que normalmente são grátis”, conta a assistente de uma galeria de arte em Londres. “Na minha opinião, ficou pior assim”, remata.

Segundo o Eurobarómetro sobre Juventude e Democracia, 77% dos jovens portugueses têm intenção de exercer o direito de voto a 9 de junho. A estimativa coloca Portugal acima da média europeia, que revela que 64% dos jovens mostram interesse em votar para o Parlamento Europeu, ao passo que 13% dizem não estar interessados em ir às urnas.

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