Elon Musk e o atentado a Trump. Como o X e os media combatem pela narrativa do ataque

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O X, antigo Twitter, tem estado especialmente vibrante, desde o atentado de que Donald J. Trump foi alvo no passado sábado, no comício republicano em Milwaukee, nos Estados Unidos da América. Ellon Musk, proprietário daquela rede social, acusou os Serviços Secretos de incompetência ao mesmo tempo que é criticado por alegadamente estar a tentar comandar a narrativa sobre a tentativa de homicídio. Em resposta, o multimilionário acusa os media tradicionais de serem uma “máquina de propaganda”.

O jornal norte-americano Washington Post (WP), publica esta segunda-feira, um artigo em que revela o que considera ser um “coro de líderes tecnológicos e empresários de direita, liderados pelo proprietário do X, Elon Musk, que usam os seus megafones online após o ataque de sábado para criticar as iniciativas dos Serviços Secretos”, “e fazer alegações infundadas sobre o tiroteio”.

O mesmo jornal acrescenta que as afirmações destes poderosos empresários com muitos seguidores online ajudaram a influenciar a direção do X neste acontecimento, “bem como as histórias visualizadas por milhões de pessoas”.

Musk logo após o ataque fez uma publicação de apoio incondicional à candidatura de Trump, o que “recebeu a maior interação dos seguidores no X relacionada com a tentativa de assassinato”, disse ao WP, Graham Brookie, vice-presidente de programas e estratégia em tecnologia do Atlantic Council.

A publicação recebeu mais de 118 milhões de visualizações e 332 mil retweets, superando a mensagem de Barack Obama em que este ex-presidente norte-americano dizia que “não havia lugar” para a violência na democracia.

Na noite de sábado, os termos “Deep State” e “antifa” estavam entre os mais pesquisados no X, rede social anteriormente conhecida como Twitter.

O mesmo jornal norte-americano revela ainda que as pessoas que pertencem ao círculo próximo de Musk, no qual se incluem os investidores Bill Ackman, David Sacks e Shaun Maguire, todos manifestaram apoio ao republicano nos últimos meses, alinharam o discurso no sentido de uma alegada narrativa pró-Trump.

O WP dá como exemplo a publicação em que Musk, juntamente com Sacks, usaram a plataforma para difamar o influente democrata e também titã de Silicon Valley, Reid Hoffman.

Musk provocou Hoffman, referindo-se a um conflito que ocorreu no início da semana entre Hoffman e o investidor bilionário Peter Thiel na Allen and Co. Conference em Sun Valley, no Idaho.

Enquanto estava no palco da conferência, Hoffman teria criticado Thiel pelo apoio a Trump nas eleições anteriores. Este agradeceu sarcasticamente a Hoffman por financiar processos judiciais contra Trump porque o transformaram “num mártir”, aumentando as hipóteses de reeleição.

Hoffman respondeu: “Sim, eu gostaria de ter feito dele um verdadeiro mártir”.

“Os Reid Hoffman do mundo realizaram seu maior desejo… mas o mártir sobreviveu”, escreveu depois Musk, no sábado, numa publicação que obteve cerca de 24 milhões de visualizações.

Numa outra publicação vista por quase 70 milhões de utilizadores, Musk descreveu as ações dos Serviços Secretos como “incompetência ou foram deliberadas” e apelou aos líderes da agência para se demitirem.

Musk criticou também a política de Diversidade, Equidade e Inclusão dos Serviços Secretos que considera ter resultado em menos segurança para o país.

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Já Shaun Maguire, outro amigo de Musk, escreveu, sem fornecer provas, que o atirador “quase certamente será descoberto como membro” do grupo de esquerda Antifa.

As autoridades identificaram o atirador como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, de Bethel Park, Pensilvânia. Os registos eleitorais mostraram que foi registado como apoiante dos republicanos, noticiou o Washington Post.

Um dos visados pelas críticas no artigo do Post, David Sacks reagiu e foi apoiado “a 100%” por Musk. Sacks escreveu numa mensagem intitulada “Eu reconheço um herói quando o vejo” que não tem a certeza sobre que “narrativas” se está a referir o jornal, “mas sei o que vi e sei o que a multidão em Butler testemunhou ao vivo”.

“O meu sogro mora na Pensilvânia e estava no comício no sábado. Quando os tiros soaram e Trump caiu, ele disse que um pandemónio eclodiu em redor. Todos temiam o pior”, nota Sacks.

The New York Times just published this about Trump today.

They are truly callous and despicable human beings. Not a shred of empathy. pic.twitter.com/zPmP4pj0bC

— Elon Musk (@elonmusk) July 14, 2024

“Mas então Trump subiu. Coberto com o seu próprio sangue, resistindo aos esforços dos Serviços Secretos para levá-lo para um local seguro, Trump levantou o punho de forma desafiadora e a multidão pôde vê-lo dizer: “Lutar. Lutar. Lutar."”, continou a escrever o bilionário.

“Esta não é uma “narrativa”. É a verdade. Trump permaneceu desafiador diante da bala de um assassino. Não há como fingir coragem desta forma”, acrescenta Sacks.

Ao mesmo tempo, e sequência dos eventos do fim de semana, no que pode ser considerado um ataque aos jornalistas, Musk questiona se os melhores repórteres são os especialistas num determinado assunto ou aqueles que estão no local em que ocorreram os acontecimentos. Esta mensagem está associada a uma publicação de promoção ao jornalismo cidadão.

Numa outra publicação, Musk diz que os media são “pura propaganda” e que o X “é a voz do povo”.

Por fim, numa outra entrada na rede social que detém, Ellon Musk considera que o New York Times é composto por “seres humanos verdadeiramente insensíveis e desprezíveis. Nem um pingo de empatia”.

As críticas surgem depois de aquele jornal ter publicado, no domingo um dia depois do atentado, um artigo de opinião em que acusa o ex-presidente de traição e em que pede aos eleitores para não votar no candidato republicano.

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