Em semana de revolução, leão costuma levar a melhor sobre o dragão

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Portugal, país do futebol, o desporto do povo. Abril, mês da revolução, pela liberdade do povo. 

Paixões, lembranças e vidas marcadas pela bola e pelos cravos. Juntando os dois — e com o clássico de domingo na mira — o zerozero aprofundou o assunto: foi aos livros de história e viu os episódios que marcaram o passado.

Desde 1974 até à atualidade, como correram os clássicos entre dragões e leões na semana — anterior ou posterior — ao incontornável 25 de abril? Lançado o mote, vamos à análise. Em sete duelos disputados, entre o campeonato, a Taça de Portugal e a Supertaça, uma das equipas sai claramente por cima.

Começo morno... e azul

Tivemos de esperar mais de dez anos para vermos o primeiro clássico em semana revolucionária. A 28 de abril de 1985, o Sporting recebeu o FC Porto, com a oportunidade de ficar a apenas três pontos da liderança azul. Apesar da abundância de qualidade dentro das quatro linhas — Vítor Damas, Manuel Fernandes, Fernando Gomes, Paulo Futre e afins — o jogo terminou empatado a zeros.

Foto de 1984/85, época do título, com Fernando Gomes a festejar @Global Imagens / Arquivo DN

Ultrapassado o teste em Alvalade, os dragões embalaram para o título — os leões ficaram em segundo lugar —, o primeiro campeonato festejado na era Pinto da Costa.

Ao segundo embate, a primeira vitória. Novamente em Alvalade, o FC Porto voltou a partir à frente do Sporting na tabela — o líder, a poucas jornadas de se sagrar campeão, era o Benfica — e, desta feita, conseguiu vencer: Jorge Couto marcou na primeira parte e Emil Kostadinov na segunda — vitória a cinco dias do 25 de abril.

A verde e à bruta

De 1996 a 2018, os ares da revolução deram força ao leão. Em quatro jogos realizados nesse período, o Sporting, no final dos 90 minutos, acabou a festejar. 90'... ou 120'. Em abril de 1996, dragões e leões enfrentaram-se duas vezes num espaço de seis dias - a 24 e a 30 de abril. A primeira foi para a Taça de Portugal, uma vez mais em Alvalade.

O empate na primeira partida obrigou a uma reedição das meias-finais. No embate do desempate, os 90 minutos não foram suficientes para tirar as teimas, por isso o duelo prosseguiu para trinta minutos adicionais. Ao 17º minuto, Afonso Martins marcou e colocou o leão no Jamor - onde, em março, perdeu contra o Benfica.

Sá Pinto decidiu a Finalíssima @Getty / Matthew Ashton - EMPICS

Afonso Martins foi o único luso-francês em campo. «Isto é destaque porquê?» - é o que se deve estar a perguntar, caro leitor. Porque, nem a propósito, o duelo de 30 de abril foi realizado... em França. Com uma grande comunidade portuguesa a viver na capital francesa, Paris foi o destino, após dois empates nas duas mãos jogadas em Portugal, em agosto.

Se o equilíbrio definiu os dois duelos iniciais, em França mandou o leão. Sá Pinto foi o homem do jogo e bisou na primeira parte, antes de, perto do apito final, Carlos Xavier, que entrou para o lugar de Pedro Barbosa, fechar o resultado no contundente 0-3 final - caso se esteja a perguntar, caro leitor, sim, Afonso Martins jogou: foi titular e saiu aos 88 minutos, mesmo antes de Amunike ser expulso.

Do duplo embate em 1996, houve um interregno de clássicos nas redondezas do 25 de abril, que durou até 2016. Terminou logo com um dos clássicos que, no passado recente, melhor aquece a alma leonina. 1-3, com pouca contestação. A segunda vitória do Sporting no Dragão para o campeonato no século XXI colocou os leões na perseguição à águia, que conquistou o título na última jornada. 

Slimani, à semelhança de Sá Pinto, também bisou contra o Dragão @Global Imagens / Ivan del Val

A caminhar para o final desta lista, surge o primeiro jogador ainda no ativo a representar o mesmo clube. Coates foi titular em 2016 e marcou o golo da vitória em 2018. Uma vez mais nas meias-finais da Taça de Portugal, um remate do central uruguaio, na sequência de um canto, anulou a vantagem azul e branca conquistada na primeira mão e levou a eliminatória para as grandes penalidades. Dos onze metros, o Sporting foi feliz - antes da infelicidade na final, onde perdeu diante do CD Aves.

O mais recente, com as caras do agora

Já com Conceição, Amorim, Coates, Pepe, Pepê, Pote, Galeno, Gonçalo Inácio… O último clássico desta lista, a 21 de abril de 2022 — nas vésperas do 25 — foi dos menos vistosos. O 1-2 em Alvalade ajudou o conjunto azul e branco a gerir a eliminatória na segunda mão. A forte chuva impediu qualquer vontade mais rendilhada e Toni Martínez matou qualquer esperança leonina, com um golo perto do final. 

Agora, o próximo clássico entrará para esta lista, embelezada pela importância da data. Leões, voltam à senda vitoriosa de outrora? Dragões, aproveitam o embalo do último triunfo e inspiram-se nos nomes que iniciaram esta lista para ganhar? As respostas ficam para domingo.

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