Emily in Marketing

2 horas atrás 16

Por Cristina Girão, Marketing Solutions Client Manager na LLYC.

Acabei de ver a última temporada de Emily in Paris. Novelas e clichés à parte, confesso que há uma coisa na série que me entusiasma: finalmente, o marketing e a comunicação estão no centro das atenções. Para quem, como eu, vive esta realidade diariamente, é uma validação ocuparmos um espaço de destaque num produto de entretenimento mainstream que só reforça a importância do nosso trabalho na criação de experiências e na definição de tendências que movem o universo das marcas.

Como profissional da comunicação, é interessante notar o foco da série nas colaborações entre marcas. Este é um elemento central em muitas das campanhas de Emily, e não é por acaso que se revelam bem-sucedidas. A sinergia entre marcas complementares permite expandir audiências e criar um impacto maior do que qualquer uma conseguiria sozinha. Nos dias de hoje, o público espera autenticidade e, quando marcas colaboram de forma criativa e estratégica, isso gera valor real e diferenciação no mercado. A série demonstra que esta abordagem pode ser simples, mas altamente eficaz – seja com designers de moda, champanhes ou hotéis de luxo, as parcerias são uma chave para o sucesso.

Outro ponto que me chamou a atenção foi a importância de um conceito-chave, uma ideia central forte que possa ser desdobrada em múltiplos canais. Muitas vezes, nas nossas reuniões com clientes, reforçamos que a consistência de um conceito é essencial para garantir que a mensagem não se dilua. E a série mostra muito bem essa necessidade. A coerência da mensagem nos eventos, nas redes sociais, nos encontros com influenciadores ou em campanhas de publicidade é aquilo que faz a diferença no reconhecimento e sucesso de uma marca. As melhores campanhas são aquelas que possuem uma ideia sólida e relevante, capaz de viver em vários formatos, sem perder a sua essência.

Por falar em formatos, não há como ignorar o papel do digital. Quando Emily é reconhecida por figuras públicas, como Brigitte Macron, porque a seguem no Instagram, vemos como as redes sociais se tornaram um meio de comunicação imprescindível. Estão não só a criar notoriedade, mas a construir relações autênticas com o público. E, uma vez mais como profissionais da comunicação, vemos isso diariamente – os consumidores procuram experiências online que sejam reais e envolventes. As marcas que melhor se posicionam nesse campo são aquelas que conseguem, de facto, criar diálogos significativos com as suas audiências.

Interessante também é o modo como a série reinventa o tradicional product placement mas no contexto do streaming. A inclusão de marcas como Chopard, Rimowa, McDonald’s e até Spritz Campari é quase orgânica. Estas marcas aparecem em eventos, são mencionadas casualmente, mas o impacto é claro. O streaming pode muito bem ser o futuro das parcerias comerciais e das integrações de produtos, como já vimos no recente sucesso do filme Barbie, onde marcas como Birkenstock ganharam um destaque que fez eco na vida real. Para nós profissionais de comunicação e marketing é um abrir de portas para novas oportunidades de visibilidade para as marcas.

Claro, a série não seria americana sem o toque de drama e uma boa dose de storytelling. Mesmo para quem não vive o dia a dia de uma agência de marketing e comunicação, é preciso uma boa dose de imaginação para acreditar que é um ambiente onde se gerem clientes de forma romântica, onde pitchs são preparados em 24 horas ou onde filiais se abrem em menos de um dia. Mas isso faz parte do charme da série – o exagero é o que nos prende e, no final, é esse storytelling que coloca a série no TOP 10 da Netflix a cada novo lançamento. Afinal, o marketing não vive só de dados e estratégias – há sempre um elemento emocional que nos liga a uma boa narrativa.

O que me alegra agora é que graças a esta série quando me perguntarem o que faço, posso finalmente e de forma resumida (e brincalhona), responder em três palavras: “Emily in Paris”.



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