Empresário que diz ter descido de divisão 42 equipas vai ser ouvido em Portugal: «Estarei assim tão errado?»

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William Pereira Rogatto, empresário brasileiro ligado ao mundo do futebol, confessou esta terça-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Desportivas no Senado Federal, na qual participou por videochamada, ter adulterado resultados de jogos do Candangão 2024, campeonato distrital federal.

A viver em Portugal "por temer pela sua segurança", como dá hoje conta o jornal 'Globo', o empresário confessou ter tido participação ativa na descida de divisão de 42 clubes daquele campeonato, mostrando-se pronto para cooperar com a justiça brasileira e servir de delator dos restantes nomes que participavam no esquema de apostas desportivas ilegais que lhe rendia 300 milhões de reais brasileiros (cerca de 49 milhões de euros por ano, de acordo com a conversão atual).

"Os presidentes vão ficar putos comigo", começou por dizer, segundo é hoje divulgado pela imprensa desportiva brasileira. "Eu sou a máquina que está a oferecer dinheiro mais fácil para o atleta e a dar-lhe dignidade para ele dar de comer à sua família. Será que eu estou assim tão errado? Fui um dos maiores. Se não o maior, um dos mais organizados. Eu já trabalhei e operei nas 26 unidades da federação e no Distrito Federal. Inclusive, no Distrito, foi onde eu bati de frente com alguém muito forte. Aí, dá-se aquela luta de poder. Eu perdi e fiquei exposto", acrescentou, antes de revelar o impacto que o seu envolvimento neste esquema fraudulento teve no futebol brasileiro.

"Estou a ser franco convosco. Desci 42 equipas de divisão e agora sou conhecido como o 'rei do rebaixamento', mas não dá para ganhar dinheiro sem fazer com que eles desçam de divisão. Não estou a matar ninguém, a roubar ninguém, o sistema é que tem falhas. Eu estou a ir contra o sistema. A criação da máquina favoreceu-me, encontrei uma brecha", vincou.

Apesar de se mostrar totalmente disposto a trabalhar no escândalo que por estes dias assola o futebol brasileiro, William Pereira Rogatto recusa-se a sair de Portugal, pedindo aos senadores que compõem a CPI que se desloquem ao território português para que possa mostrar todas as provas que tem na sua posse. De acordo com o Ministério Público, o empresário "tem operado na clandestinidade como manipulador profissional mediante a cooptação de jogadores, a venda de resultados arranjados e a realização de apostas". Já segundo Romário, antigo craque da seleção brasileira que foi o principal responsável pela presença de William Pereira Rogatto na CPI desta terça-feira, o nome do empresário "aparece em interseções de mensagens, mencionando pagamentos a jogadores aliciados, realizando apostas fraudulentas e em conversas com interlocutores sobre os lucros obtidos."

Durante o depoimento, William Pereira Rogatto lembrou ainda as declarações de John Textor, empresário norte-americano que é atualmente dono da SAF do Botafogo, clube orientado pelo português Artur Jorge e que acusou clubes como o Palmeiras de Abel Ferreira de ser beneficiado pela arbitragem. "Vocês falaram do John Textor. Eu não sei que provas ele tem, mas uma coisa eu posso dizer: as pessoas que trabalharam para mim também trabalharam contra ele neste campeonato. Leila [presidente do Palmeiras], não te quero enfrentar, jamais. Não estou a dizer que tu o fizeste ou não, mas garanto-te que John Textor não está totalmente errado. Mas enfim, isto é só para entenderem a dimensão em que está o futebol. Chamam-no de louco, mas ele não é tão louco assim", sublinhou Rogatto.

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