Empresários moçambicanos apontam "perdas incalculáveis" por problemas na rede bancária

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A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique denunciou hoje que as falhas da nova rede única de pagamentos eletrónicos estão a provocar "perdas incalculáveis", um "retrocesso" no sistema e a levar à informalidade da economia.

"A instabilidade do sistema de pagamentos de transações está tendo impactos negativos e significativos na economia e na confiança de usuários do sistema nacional financeiro. Há muitos prejuízos incalculáveis à economia", avançou o presidente do pelouro das Tecnologias de Informação e Comunicação e Serviços Financeiros da CTA, Paulo Oliveira, em conferência de imprensa realizada em Maputo.

Em causa estão as falhas nos levantamentos de dinheiro em máquinas ATM e nos pagamentos de serviços em máquinas POS, da nova plataforma da Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO), que começou a ser concretizada em 2023, instrumento único adotado pelo banco central moçambicano para operacionalizar as transações eletrónicas.

Sem especificar os valores, Paulo Oliveira afirmou que essas falhas estão a causar "prejuízos bastante elevados, de milhares de meticais, e perdas financeiras incalculáveis" à economia, afetando setores como hotelaria, turismo e restauração, provocando a quebra nos negócios e levando à "improdutividade" da economia.

Segundo o responsável pelo pelouro de serviços financeiros da CTA, representado por Miguel Jóia na mesma conferência de imprensa, para além de criar "informalidade da economia", face à necessidade de haver numerário a circular para fazer pagamentos - tendo em conta as recorrentes falhas do sistema -, o problema mina "todo o progresso que o banco central tem vindo a fazer no controlo da inflação".

O setor privado entende que uma mudança de sistema "de grande magnitude" devia ser feita de forma cuidadosa, para permitir a realização de testes abrangentes e posterior funcionamento em larga escala.

"As plataformas precisam de ensaios e este não pode levar mais de um ano. Nós estamos com estes problemas há mais de um ano, só que as coisas tornam-se mais constrangedoras atualmente. Se esse sistema não foi ensaiado, deve ser retirado e voltarmos para o anterior, enquanto este se aperfeiçoa", acrescentou o diretor executivo da CTA, Eduardo Sengo.

"Face à gravidade da situação, estranhamos o silêncio do órgão regulador e outras entidades relevantes do sistema financeiro nacional (...). É crucial que o Banco de Moçambique aborde este problema com mais urgência, identificando as causas reais do problema", acrescentou, por seu turno, Paulo Oliveira.

A CTA disse ainda esperar que a SIMO Rede esclareça o processo de reversão de valores subtraídos das contas dos utentes nos respetivos pagamentos ou levantamentos, para garantir maior transparência e credibilidade ao sistema.

"A SIMO Rede tem a obrigação de ter um nível de serviço inferior aos 30 dias para fazer as devoluções. Temos conhecimento que há pedidos que são superiores a 90 ou 120 dias", afirmou Miguel Joia.

O Banco de Moçambique anunciou em novembro que todos os bancos comerciais e instituições de moeda eletrónica do país concluíram a integração na nova rede única nacional de pagamentos eletrónicos, fornecida pela Euronet, cinco anos depois de um `apagão` na anterior plataforma.

Com a nova plataforma, a Sociedade Interbancária de Moçambique (Simo) passou a estar "alinhada com os padrões internacionais dos sistemas de pagamentos, que impõem a tecnologia `contactless`" para todos os cartões bancários e terminais POS, que "oferece maior segurança e comodidade para os utentes", explicou na altura o banco central.

"A nova plataforma da Simo Rede tem a vantagem de oferecer uma diversificada gama de produtos e serviços, com destaque para a interoperabilidade (interligação) entre as instituições de moeda eletrónica, bancos e outros prestadores de serviços financeiros", sublinha igualmente o banco central.

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