Empresas têm de fazer transição energética para não serem excluídas, realça CEO do BCP

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Miguel Maya afirma que as empresas terão de fazer o trabalho de casa para cumprir os critérios ESG se não quiserem ser excluídas do financiamento do sector financeiro para apoiar a transição energética.

Miguel Maya, CEO do BCP, alerta que há sectores que se não estiverem preparados para responder ao desafio do ESG (ambiental, social e governance) e para fazer a transição energética arriscam a ser excluídos do financiamento dos bancos, garantindo que o sector está preparado para apoiar as empresas neste processo.

“Há alguns sectores e sobretudo muitas empresas que se não fizerem o trabalho de casa vão ficar excluídos” do financiamento dos bancos, disse o banqueiro no Fórum Banca 2024, organizado pelo Jornal Económico e pela PwC, esta quinta-feira, em Lisboa, num painel que contou também com o CEO da CGD, Paulo Macedo, o CEO do Novobanco, Mark Bourke, e o CEO do Banco Montepio, Pedro Leitão.

“Na banca, o que estaremos disponíveis para apoiar é na transição”, salientou Miguel Maya, afirmando que as empresas têm de estar preparadas para demonstrar que estão nesse caminho.

Para o presidente executivo do BCP, os desafios colocados pelos critérios ESG representam uma “enorme oportunidade” para a banca poder desempenhar um papel relevante na sociedade, ajudando as empresas neste processo de transição.

O sector financeiro “passou por um período difícil, tendo estado a recuperar a sua reputação”, criando hoje “valor para a sociedade”, disse, acrescentando que, “neste desafio do ESG, que vai ter implicações para o futuro da sociedade”, a banca “tem aqui uma enorme oportunidade que deve aproveitar”.

Miguel Maya deixa, contudo, algumas críticas por se considerar que se estão a criar “soluções que parecem servir toda a gente”. De acordo com o CEO do BCP, cada país tem uma situação específica. “A situação de Portugal é manifestamente diferente de alguns países do centro da Europa”, referiu, notando que é preciso haver um foco na proteção dos riscos sísmicos.

Por outro lado, “não há um critério que seja absolutamente correto de exigência da informação às empresas”, estando a “pôr-se o ónus em cima da banca”. Isto cria uma “carga”, alerta, nomeadamente para as pequenas empresas que têm de reportar aos vários bancos com quem trabalham.

O banqueiro frisou ainda que “outro risco de se só pôr o ónus no sistema financeiro é que se isto não for bem feito e se a pedra angular for apenas o sector há um desvio para o shadow banking“.

Questionado sobre o novo governo, Miguel Maya afirmou que “temos obrigação de ser otimistas”, afastando quaisquer receios sobre as eleições de 10 de março. “Os bancos têm de estar preparados para trabalhar com qualquer governo”, disse, salientando que é “essencial para o futuro” manter o foco nas contas públicas e na sustentabilidade da dívida pública.

“O que espero do próximo governo é que perceba a importância da tecnologia para potenciar Portugal” e de criar “empresas competitivas com dimensão e que paguem bons salários”, porque “esse é o caminho para reter pessoas” no país, concluiu.

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