Ensaio – CFMOTO 800NK – irreverência no ADN

6 meses atrás 61

Em busca por uma gama cada vez mais alargada e de qualidade, a CFMOTO acaba de lançar mais um produto que, neste caso, acaba por ser a naked mais potente até à data da marca chinesa. Uma moto de visual moderno e agressivo, que vem juntar-se a um segmento com modelos de peso, e que tivemos oportunidade de conduzir em estradas do sul de França.

É fácil de perceber como a marca CFMOTO tem mostrado um enorme vigor no primeiro semestre de 2023, embora em Portugal isso seja também responsabilidade do seu novo importador bem ativo, o grupo Multimoto. Na verdade, a marca nasceu em 1989, mas foi ao longo dos últimos anos que o nome surgiu mais na ribalta, fruto dos seus produtos de qualidade entre os moto 4 e SSV, e depois entre as duas rodas, além de uma recente presença no mundial de velocidade com uma equipa nas Moto3. Este ano já conhecemos aqui na revista as novas SR450 e 700 CL-X Adventure, também já testámos a 800MT Touring e a 650GT e até já fizemos um comparativo com a 300 CL-X, portanto motos de segmentos bem variados. Agora fomos em primeira mão à apresentação da nova 800NK, que se insere no importante segmento das motos naked de média cilindrada e que tenta vingar pela conjugação de 3 fatores: desenho, prestações e tecnologia.

ESTÉTICA E DETALHES

Fonte:Motociclismo

Nem valia a pena referir, mas já que fomos dos primeiros a ver a moto ao vivo é preciso dizer que em termos estéticos esta moto está fabulosa, especialmente na decoração preto/bronze, não ficando atrás de nenhuma rival do segmento. As linhas são angulosas e agressivas sem perderem charme e o tato dos componentes é bom, denotando bastante qualidade. Em termos técnicos esta 800NK vem equipada com o motor da moda, um bicilíndrico paralelo, neste caso bem conhecido de alguns modelos KTM com cambota a 285 graus para aumentar a emoção e a tração no asfalto, montando ainda dois veios de equilíbrio para diminuir as vibrações, sendo a embraiagem deslizante. Debita 95 cv de potência e oferece 81 Nm de binário às 8.000 rotações, apesar do motor alcançar as 10.500 rpm. Nesta motorização Euro5 a caixa de filtro de ar está posicionada debaixo do assento, o que pretende dar benefícios em termos de admissão e facilidade de manutenção. Nesta versão Advanced, já disponível no nosso país, o peso em ordem de marcha é de apenas 189 kg, e na ciclística destacam-se as suspensões ajustáveis KYB, com forquilha invertida na frente e simplicidade na traseira com uma ligação direta do amortecedor ao braço-oscilante. O quadro é construído em aço e a travagem é da J.Juan, na frente com dois discos e pinças radiais de 4 êmbolos, com as jantes a montarem pneus desportivos da Maxxis.

TECNOLÓGICA

Fonte:Motociclismo

Em termos de tecnologia o equipamento é muito interessante, logo a começar nos três modos de condução: Rain, Street e Sport, também pela presença de um cruise control e pela iluminação full LED. Ainda mais surpreendente é a presença de um enorme e super completo ecrã TFT a cores de 8 polegadas, montado à nossa frente em posição vertical. Este possui ligação Apple CarPlay e Android Auto, com o ecrã tátil a suportar interação multimédia, conetividade Bluetooth, controlo por voz e direções de navegação. O amortecedor de direção faz também parte do equipamento de série, assim como um quickshifter bidirecional e uma ignição sem chave. Os que gostam de um visual mais desportivo também irão gostar de conhecer a linha de acessórios deste modelo.

EM ESTRADA

Fonte:Motociclismo

Fui num dia de bastante calor que estivemos aos comandos desta 800NK, uma moto com a qual encaixamos imediatamente em termos de posição de condução e que nos deixa entusiasmados com o som de escape, parecendo que o Euro 5 passou ao lado deste modelo. Realizámos cerca de 150 quilómetros nas mais variadas situações, e a aqui a palavra de ordem é diversão! O motor que já conhecíamos de outros modelos é bastante vivo, em especial nos médios regimes, o que em conjunto com a sonoridade atrativa dá-nos vontade de acelerar mais que o necessário. A enorme instrumentação não nos tira atenção da estrada e dá-nos inúmeras funções ao nível da conetividade, apenas não tivemos tempo de configurar e emparelhar tudo, até porque aqui o principal está na diversão de condução. Também por isso preferíamos ter um sistema de controlo de tração em vez do cruise control, por exemplo, embora não tenhamos apanhado sustos perante a boa aderência dos pneus Maxxis e comportamento correto das suspensões, que são mais para o macio mas têm diversas possibilidades de ajuste.

O MAIS E O MENOS

Fonte:Motociclismo

Somente num capítulo esta CFMOTO continua aquém do que gostaríamos e falamos do tato do acelerador, devido a um sistema de injeção pouco refinado em qualquer dos modos de condução. Ainda assim, o modo Street será sempre o mais aconselhado numa condução tranquila, assim como o Sport, mesmo com alguma brusquidão, a ser o mais indicado numa toada rápida. Quanto à travagem, convenceu na potência e tato, embora nas duas motos que testámos o feeling da mesma não tenha sido exatamente semelhante nas duas unidades. Sentimos que o amortecedor de direção faz sentido, por isso ainda bem que o temos (apesar de gostarmos do ângulo de direção bastante fechado para emoções fortes), e o quickshifter funciona igualmente bastante bem. E se a instrumentação com as respetivas funcionalidades é incrível (recomendamos algum tempo livre até perceberem como tudo funciona, emparelhando com o smartphone e respetiva app da marca), em estrada basta termos o taquímetro, a velocidade instantânea e o indicador da mudança engrenada em grande destaque no TFT para ficarmos contentes.

Com esta naked realizámos uma média a rondar os 5 litros aos 100 e ficámos com a sensação que é uma das naked mais divertidas do segmento, embora ainda tenha espaço para melhorar, acima de tudo em termos de tato de acelerador e funcionamento da injeção de combustível, algo que aliás já temos referido em outros trabalhos com modelos CFMOTO. Mas querem saber a melhor? Falando sobre isso com um dos responsáveis da marca ao final do dia, este referiu que muito possivelmente esse feeling da injeção pode inclusivamente ser melhorado através do smartphone e da respetiva app da marca que cada um poderá (e deverá) usar, e isso será brutal. Quando voltarmos a andar numa 800NK iremos dar feedback acerca disso! Quanto ao interesse da app, é elevado até porque ficamos também com o registo de muitos dados sobre a nossa moto, do nosso percurso e inclusivamente podemos colocar uma “rede virtual de segurança” à volta da nossa moto, pelo que somos avisados se alguém mudar a moto de local.

Acima de tudo a 800NK é uma moto muito divertida. Pode amadurecer ainda mais, sem dúvida, e também não é a mais barata do segmento, mas todo o equipamento que possui e todo o divertimento que proporciona darão por certo dar um belo sorriso a quem a conduz.

CFMOTO 800NK

MOTOR 2 cilindros em linha, refrigeração líquida, 4 válvulas

CILINDRADA 799 cc

POTÊNCIA 70 kW (95 cv) @9.250 rpm

BINÁRIO 81 Nm @8.000 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO estrutura em liga de aço cromo-molibdênio

DEPÓSITO 15 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha telescópica invertida KYB ajustável de 43 mm, curso de 130 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor KYB ajustável, curso de 130 mm

TRAVÃO DIANTEIRO 2 discos de 320 mm, pinças radiais de 2 êmbolos

TRAVÃO TRASEIRO disco de 260 mm