Ensaio – Suzuki GSX-8S – o início da mudança

8 meses atrás 70

Foram precisos vários anos até que a Suzuki nos brindasse com um modelo totalmente novo e condizente com as necessidades do mercado, mas no salão EICMA de 2022 a marca nipónica conseguiu surpreender todos com uma naked e uma trail totalmente novas. Já a seguir vamos falar da mais rebelde das duas.

Deixando o famoso bicilíndrico em V para trás, a Suzuki aposta agora num motor, também eles de dois cilindros, mas paralelo de 776 cc. A GSX-8S é uma moto totalmente nova, contando não só com um coração novo, como também um quadro construído de raiz que se apresenta como plataforma para a V-Strom 800 DE – que iremos mostrar-vos na próxima edição.

ENGENHARIA SUZUKI

Fonte:Motociclismo

Se existe algo pelo qual a Suzuki sempre foi bem aclamada é pela sua fiabilidade e capacidade de construir motores com grande qualidade a nível técnico. É muito cedo para falarmos de fiabilidade neste novo bloco, mas ainda assim é notória a atenção ao detalhe da marca nipónica em certos componentes que – muitas vezes na concorrência – parecem ser colocados quase ao acaso, ou como recurso. Dito isto, este motor bicilíndrico paralelo conta com 776 cc, como referido, e debita 83 cv às 8.500 rpm, com um binário máximo de 78 Nm às 6.800 rpm.Os números podem não ser os mais elevados da sua classe, mas o desfasamento da cambota a 270º permite que este motor tenha uma sonoridade e comportamento muito semelhante a um motor em V, com os baixos e médios regimes a serem os pontos de eleição deste bloco, que se mostrou muito disponível e responsivo, e com muito binário a entrar em ação logo desde cedo, possibilitando conduzir em mudanças elevadas a velocidades reduzidas, sem perdermos resposta do motor.

A tecnologia Suzuki Cross Balancer – contrabalanços internos para cancelar as vibrações e reduzir a vibração do motor – também se fez sentir, porque se as vibrações existem neste motor não deram sinais de vida durante todo o dia, tornando todos os quilómetros prazerosos e livres de qualquer desconforto que pudesse surgir de irritações provocadas pelo motor. Mas talvez fruto das restrições, este novo bloco da Suzuki aparenta perder algum fôlego em alta rotação, ainda que os seus 83 cv sejam anunciados às 8.500 rpm. Nessa altura, sentimos que estamos apenas a passar rotação no painel, sem realmente estar a extrair algo do motor.

PRECISÃO

Fonte:Motociclismo

Como já falámos, a Suzuki optou por fazer uma moto totalmente nova. E com esta GSX-8S, nasceu também a V-Strom 800 DE – e provavelmente mais modelos que iremos ouvir falar num futuro próximo – que conta com o mesmo motor e o mesmo quadro, sendo que a diferença se situa no sub-quadro e no braço-oscilante (e naturalmente nas suspensões). No caso da moto naked, encontramos suspensões invertidas KYB na dianteira (não ajustáveis) e um monoamortecedor, também ele KYB, ajustável apenas na pré-carga da mola. E apesar da falta de afinações, o conjunto comporta-se muito bem e oferece uma enorme precisão na entrada em curva, algo que é ampliado pelos travões que, não sendo extremamente potentes, oferecem um bom tato, e potência adequada à GSX-8S, permitindo maiores aventuras.

A dianteira faz-nos sentir rapidamente “em casa” e conseguimos de forma muito natural começar a tratar esta Suzuki por “tu”, a ritmos bastante elevados. A sua condução pede uma abordagem quase como se de uma 400 cc se tratasse, com uma boa velocidade de entrada em curva, mantendo essa mesma velocidade e aproveitando todo o ímpeto para descrever a trajetória perfeita. À saída, o quickshifter bidirecional vai pedir-nos muitas passagens de caixa, mas temos de dizer que este se revelou algo brusco no seu acionamento, sendo necessária alguma força nas passagens de caixa. Ainda assim, numa faixa de rotação acima das 5.000 rpm, sentimos que tudo se torna mais fácil. Mas tudo isto, desde a entrada em curva, desenhar de trajetória e saída, é feito com enorme estabilidade por parte da GSX-8S, que oferece uma distância entre eixos um pouco superior ao habitual das naked desta categoria, o que pode assustar no papel, mas que na prática não sentimos que tenha tido influência na agilidade da moto, oferecendo até mais confiança em toda a condução. Esta maior distância oferece também mais estabilidade em linha reta, mesmo com o piso mais degradado.

O ESSENCIAL TECNOLÓGICO

Fonte:Motociclismo

A verdade é que para o que estávamos habituados a ver nas motos da Suzuki, esta GSX-8S tem muita tecnologia e, acima de tudo, tem tudo o que é minimamente exigido pelo consumidor atualmente. O painel é um novo TFT de 5”, que apesar de não possuir conectividade com o telemóvel – devido à contenção de custos e propósito da moto – tem muita informação e é bem legível em todas as condições. Através desse mesmo TFT conseguimos ainda controlar três modos de condução diferentes; onde a potência não se altera, mas sim a forma como é entregue; e três modos de controlo de tração – possível de desligar. As diferenças são bem patentes nos modos de condução, com o modo A a ser o mais agressivo e onde sentimos efetivamente que a potência é disponibilizada de forma mais repentina, com o modo B e C a serem mais lineares. Demos por nós a utilizar o modo B em 90% do tempo por ser o mais equilibrado entre o que solicitamos e o que a moto entrega. O C pode ser uma boa ajuda para condutores mais inexperientes ou em trajetos citadinos.

VALEU A PENA A ESPERA?

A resposta é simples, sim! Nunca houve dúvidas do potencial da Suzuki para fazer motos modernas, inovadoras e com excelentes capacidades para bater a concorrência, e prova disso foram os anos 90’ e início dos anos 2000. Mas a verdade é que a marca nipónica passou por dificuldades que a obrigaram a ficar um pouco para trás em relação à concorrência, e poucos acreditavam no seu renascimento. Com a saída do MotoGP, segundo a marca, o objetivo é voltar a apostar as fichas todas no mercado global, com motos mais eficientes e inovadoras. A GSX-8S revelou ser aquilo que promete no papel. Nem mais, nem menos.

Contudo, aquilo que a Suzuki promete também, é ser uma nova referência no segmento, e aí, vamos ter de esperar por um ou dois comparativos (sim, esses que estão a pensar) para tirar a prova dos 9. O que podemos dizer, para finalizar, é que a marca japonesa fez um excelente trabalho e demonstrou ter nesta moto uma excelente base para trabalhar no futuro. Apesar da sua aparente simplicidade, tudo funciona bem e o produto final apresenta a qualidade a que a Suzuki habituou os seus clientes no passado, com a tecnologia do presente. Em suma, a Suzuki GSX-8S será uma moto para os amantes das naked com alguma maturidade no meio das duas rodas, e que não procurem uma moto exuberante e extremamente reativa a qualquer estímulo.

SUZUKI GSX-8S

Fonte:Motociclismo

MOTOR 2 cilindros em linha, refrigeração líquida

CILINDRADA 776 cc

POTÊNCIA 61,9 kW (83,1 cv) @8.500 rpm

BINÁRIO 78 Nm @6.800 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO tubular em aço

DEPÓSITO 14 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha invertida KYB de 43 mm, curso de 130 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor KYB com ajuste na pré-carga da mola

TRAVÃO DIANTEIRO 2 discos de 310 mm, pinças de 4 êmbolos Nissin

TRAVÃO TRASEIRO disco de 240 mm, pinça de 1 êmbolo

PNEU DIANTEIRO 120/70 – 17

PNEU TRASEIRO 180/55 – 17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.460 mm

ALTURA DO ASSENTO 810 mm

PESO 202 kg

P.V.P. (desde) 8.999€

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