Ensaio – Voge 350 AC – mais madura

6 meses atrás 89

No início do ano realizámos aqui na Motociclismo um teste à Voge 300AC, uma naked monocilíndrica que considerámos bem divertida. Quase um ano depois fomos conhecer a 350AC, equipada com um motor de 2 cilindros e com um aspeto mais premium. Será que os cerca de 1000 € de diferença valem a pena?

Vários modelos Voge já passaram pelas nossas mãos aqui na Motociclismo, e em praticamente todos os casos encontrámos motos bem construídas e sem grandes “defeitos”, além de possuírem quase sempre um preço de venda ao público referencial. Os modelos trail têm sido os mais procurados pelo público, nomeadamente a novíssima 525DSX, mas de qualquer forma, se ainda não conhecem a marca premium do fabricante chinês Loncin, vale a pena pesquisarem as motos no site oficial da marca ou nos concessionários nacionais. As gamas são variadas, com modelos adventure, naked, classic, scooter e elétrica e a relação preço/qualidade é surpreendente em boa parte destes.

MAIS POTENTE E MAIS… TUDO

Quando andámos com a 300AC, de linhas neo retro, gostámos em especial do motor divertido, da dinâmica do conjunto e naturalmente do preço fantástico (3.787 €), mas por outro lado achámos que é um modelo demasiado pequeno e com algumas falhas em termos ergonómicos, ao nível do conforto, para utilizadores de média/elevada estatura. E também achámos que a 300AC merecia uma instrumentação mais completa e alguns acabamentos mais modernos.

Pois bem, a pequena 300AC continua em comercialização mas agora encontramos a seu lado na gama uma 350AC, mais cuidada em termos estéticos e no fundo mais moderna em diversos aspetos. O motor ganhou mais cilindrada, mais um cilindro, e com isso os números também são outros. A potência passou de 28,5 para para 40,7 cv, enquanto o binário máximo subiu de 23 para 31 Nm, sendo que, segundo a marca, o peso em ordem de marcha até baixou no modelo mais potente, de 170 para 165 kg. Esteticamente as alterações também estão à vista, mesmo se preferíamos ter testado a versão amarela, bem mais atraente que esta “mortiça” cinza. Em termos de filosofia esta 350AC é também uma neo retro, possível de conduzir com carta A2, mas ergonomicamente está mais bem desenvolvida para condutores e acompanhantes de todas as estaturas. O assento é mais amplo e corrido, pelo que o condutor pode chegar-se um pouco atrás se necessário, e o passageiro segue também de forma mais cómoda, com um bom assento e pegas de segurança.

EQUIPAMENTO

Neste modelo destaca-se ainda em termos estéticos o bonito farol dianteiro full LED e farolim traseiro a condizer, a ponteira de escape subida e as jantes de braços duplos. Possui um sistema de injeção de combustível Bosch, a embraiagem é deslizante e curiosamente o sistema de travagem “perdeu” um disco na frente face à 300AC, mas no geral tudo aparenta estar um pouco mais robusto no modelo maior. O quadro é uma estrutura multitubular em aço, e ainda na ciclística encontramos uma forquilha invertida na frente e um monoamortecedor traseiro, com ajuste na pré-carga. As rodas são de 17” e a nível da instrumentação também se nota uma clara subida de qualidade face à 300, com um novo painel LCD a cores de 5 polegadas que no entanto é mais parco na informação do que esperávamos. Junto a este podemos encontrar a já tradicional entrada USB para carregar dispositivos eletrónicos.

O MELHOR Preço, estética e ergonomia, motor nos altos regimes

A MELHORAR Sensações de condução, instrumentação simples

E EM ANDAMENTO… COMPENSA?

Bom, temos de começar por dizer que, mesmo sendo 1000 euros mais cara que a 300AC, esta 350 continua a ser uma moto muito acessível! Ainda por cima com a garantia de 5 anos que a Voge continua a dar aos seus produtos, a melhor forma de convencer os mais céticos que não vale a pena desconfiar da fiabilidade das motos desta marca.

Ao vivo – com a tal exceção da cor que não a favorece muito – esta moto ganha no aspeto geral face à 300, embora alguns prefiram o visual mais “autêntico” da moto que foi lançada em primeiro lugar, menos “plastificada”. Mas em termos de ergonomia o modelo mais recente não dá hipótese, sendo claramente mais bem pensado. E em andamento? Pois bem, há muito tempo que não andávamos na monocilíndrica, mas do que nos lembramos, a 300 era bem mais viva e divertida que a moto deste artigo, embora porventura menos eficaz. Acima de tudo este bicilíndrico não garante um monte de emoções, especialmente nos baixos regimes ou em ritmo de passeio. O escape abafado não ajuda às sensações, mas desde o início que gostámos da embraiagem muito leve, do funcionamento da caixa de velocidades e do tato da travagem, mesmo sem afinação da distância da manete ao punho. A potência da travagem, que agora conta com menos um disco na dianteira, também não merece reparos, e as suspensões conseguem absorver bem as irregularidades desde que o piso não esteja demasiado degradado. Ou seja, como moto para um novo utilizador de duas rodas esta 350AC cumpre perfeitamente. E para os outros condutores?

AFINAL É RÁPIDA

Apesar das nossas desconfianças iniciais, acabámos por nos divertir aos comandos desta moto. Isto porque nos regimes mais elevados o motor acaba por revelar-se bastante forte, enquanto numa zona de curvas dá para seguir de forma bastante rápida e de forma segura, com as suspensões e os pneus Cordial a manterem tudo sob controle. Nota-se que a frente é um pouco leve, mas não chega a ser instável (a não ser que provoquemos o guiador), e em autoestrada esta moto superou os 165 km/h, o que é realmente interessante. A instrumentação é muito bonita, especialmente à noite com o contraste de luz, mas é pena não juntar mais alguns dados informativos, e no final deste teste ficámos convencidos quanto às capacidades desta moto.

Continuamos a afirmar a 300AC, de apenas um cilindro, é mais divertida de conduzir, mas esta 350 é mais rápida, mais confortável e completa, ou seja, uma evolução dentro da gama de modelos clássicos da Voge, e ainda existem mais alguns. E como não existem grandes diferenças no consumo obtido com as duas AC de que temos vindo a falar, com médias a rondar os 4 litros aos 100, terminamos a dizer que a monocilíndrica chegará perfeitamente para uma utilização citadina, onde a agilidade e resposta viva do motor (e belo som de escape) irão agradar. Para um utilizador mais exigente e de estatura mais elevada, mas que pretenda também uma moto dentro da gama A2, a 350 poderá ser a ideal, com boas prestações e um preço ainda assim muito simpático!

Caption text

VOGE 350AC

MOTOR bicilíndrico paralelo, refrigeração líquida, 8 válvulas

CILINDRADA 321,8 cc

POTÊNCIA 40,7 cv @8.500 rpm

BINÁRIO 31 Nm @9.000 rpm

CAIXA 6 velocidades

QUADRO multitubular em aço

DEPÓSITO 12,5 litros

SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha telescópica invertida de 41 mm, curso de 125 mm

SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor

TRAVÃO DIANTEIRO disco de 298 mm, pinça de 2 êmbolos

TRAVÃO TRASEIRO disco de 240 mm, pinça de 1 êmbolo

PNEU DIANTEIRO 110/70 17

PNEU TRASEIRO 150/60 17

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.410 mm

ALTURA DO ASSENTO 760 mm

PESO 165 kg

P.V.P. (desde) 4.787 €

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