Entidades portuguesas "confundem" taiwaneses com chineses

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O registo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) compreende apenas 58 taiwaneses residentes em território português, mas o representante taiwanês em Portugal estima haver 100 a 200 concidadãos, por vezes "confundidos" pelas entidades com nacionais da China.

"A nossa identidade às vezes é confundida com os chineses (da República Popular da China) e há muitas instituições portuguesas que fazem confusão e mesmo quando é um taiwanês a fazer o registo, é colocado [no sistema] `China`", revelou Chang Tsu-che em entrevista à agência Lusa em Lisboa.

Chang recordou que o nome oficial de Taiwan é República da China e a denominação da China é República Popular da China, pelo que mesmo existindo Taiwan no banco de dados do SEF "às vezes é difícil explicar a diferença", notando a correção que fez recentemente a uma notícia relacionada com uma cimenteira taiwanesa que investiu em Portugal.

O texto noticioso apresentava a empresa como registada na China e com sede em Taiwan e foi depois retificado.

Haverá "outros casos difíceis de saber" e, por isso, o responsável garante haver muito trabalho pela frente para dar a conhecer Taiwan, missão do Centro Económico e Cultural de Taipei em Portugal, localizado plena avenida da Liberdade, em Lisboa.

Ao não haver "fronteira direta" é, assim, "difícil de contabilizar quantas pessoas entraram em Portugal", mesmo quando se trata de turistas. Certa é o aumento da tendência da emigração de taiwaneses para Portugal, sublinhou.

A primeira geração que chegou a Portugal dedicava-se, sobretudo, à restauração. Nos dias que correm, os jovens ou a segunda geração "estão a procurar negócios em diversos setores".

A entrevista à agência Lusa de Chang Tsu-che aconteceu em vésperas das eleições de sábado para escolher um novo presidente e definir a composição do parlamento.

Por agora, a diáspora taiwanesa, de quase dois milhões de pessoas, não vota à distância devido à "logística, segurança e porque não há relações diplomáticas em todo o lado", mas Chang Tsu-che nota como os "aviões estão cheios", por exemplo, entre os Estados Unidos e a ilha para votarem.

O responsável registou como "toda a gente sabe da importância da democracia nesta eleição".

As eleições são disputadas, sobretudo, entre William Lai, atual vice-presidente de Taiwan e candidato do DPP, tradicionalmente pró-autonomia, e o Kuomintang (Partido Nacionalista), favorável a uma aproximação a Pequim.

Lai é visto pelo regime chinês como um separatista e um defensor da independência formal do território. Pequim advertiu os eleitores da ilha que uma vitória de Lai vai empurrar o território "para a beira da guerra".

Na corrida está ainda Ko Wen-je, o candidato do Partido do Povo de Taiwan (TPP), que se apresenta como alternativa aos partidos que têm dominado a política da ilha de 23 milhões de habitantes.

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