ENTREVISTA | Jefferson lembra último Clássico na final da Taça: «Roubei a boina a um polícia para festejar»

3 meses atrás 97

A grande decisão da prova Rainha do futebol português está aí à porta e é já este domingo que Sporting e FC Porto se reencontram pela 6ª vez - apenas superados por Benfica x Sporting e Benfica (8) x FC Porto (10) - na final da Taça de Portugal e isso levou-nos a recordar o último encontro.

Jefferson
6 títulos oficiais

A última vez foi há precisamente cinco anos, a 25 de maio de 2019, ano marcado pelo campeonato conquistado pelo Benfica de bruno Lage, mas onde as decisões do Jamor foram entre leões e dragões. Aí, com o Estádio Nacional pelas costuras, a turma lisboeta não se deixou ir abaixo com o golo de Felipe aos 120+1 e venceu nas grandes penalidades, por 5x4, com Luiz Phellype a cobrar a penalidade decisiva.

Entre os vencedores leoninos estava Jefferson, lateral brasileiro de 35 anos, que esteve ligado ao Sporting seis épocas, e que entrou para esse prolongamento. Contudo, foi na festa que mais se destacou e não esquece esse jogo: «Lembro-me bem desse jogo. Entrei no prolongamento para médio e não para lateral. Lembrou-me bem da boina que roubei a um polícia. Subi com ela para comemorar mais. Era eu que ia bater o penálti do Luiz Phellype, mas ele antecipou-se e acabou por marcar o golo que deu o título. O Renan também brilhou. Nunca vai sair da minha memória, porque foi um título muito importante, ainda por cima contra um grande clube, como o FC Porto.»

«É muito especial ganhar a Taça para qualquer jogador. Jogamos contra excelentes clubes e chegar à final, depois de ganhar a equipas difíceis, incluindo das divisões inferiores. Na final, há um ambiente maravilhoso, com os adeptos lá no estádio. O Jamor tem um sabor diferente. Quando via aquele estádio cheio dizia sempre que tinha que lá estar um dia e subir aquela escadaria enorme. Quando vês as pessoas do teu clube a festejar e a chorar de alegria, é muito bom. Consegui duas vezes. Hoje, quando as pessoas me veem lembram-se e isso é gratificante», acrescenta, em conversa com o zerozero.

Jefferson já festejou no Jamor @Carlos Alberto Costa

A viver em Braga há um ano e ainda à procura de clube para continuar a carreira, embora não jogue profissionalmente desde 2022, Jefferson vai-se tentando manter em forma enquanto tira o curso de treinador, que não começou a tirar nos tempos no SC Braga por «preguiça». Fala, com uma mistura de amargura e esperança na voz, dessa procura por clube.

«É complicado, porque hoje um jogador tem que estar sempre no ativo para receber convites e ter menos de 30 anos. Infelizmente o futebol está assim. Espero que surja algo, porque se não aparecer essa janela, terei que pendurar as botas. Eu já tinha tido a oportunidade de fazer o curso de treinador em 2017, quando estive no SC Braga, mas não fiz por preguiça. Já via os meus companheiros o dia inteiro nos treinos e concentrações e chegava à noite e ia para o curso com eles. Achei melhor não. Agora, surgiu essa oportunidade quando vim para Braga e estou a acabar o curso B», conta-nos.

Leão para sempre

Da mesma forma que não esqueceu Portugal, o ala canarinho não esquece o «seu» Sporting, clube pela qual fez 126 jogos e conquistou quatro títulos: «Torço pelo Sporting ainda e festejo os seus títulos. Gosto muito deles e do clube em si. O meu vínculo com eles nunca vai acabar.»

Convidado a comentar o que mudou desde os seus tempos de leão ao peito para o Sporting que agora se sagrou campeão, Jefferson deixa rasgados elogios ao trabalho e sucesso que tem sido alcançado nos últimos anos, mas não esquece a sua época, que considera ter tido influencia. Além disso, diz que se o VAR tivesse sido implementado mais cedo, o «seu» Sporting tinha tido bem mais sucesso.

«São épocas diferentes. Na minha maneira de ver, os títulos de agora começam na entrada do presidente Bruno de Carvalho, que fez um excelente trabalho, fez o clube lutar por títulos e ganhar muita coisa nas modalidades. Aconteceu muita coisa que não devia, infelizmente, mas ainda bem que está a correr bem agora. Costumo dizer às pessoas que falam comigo que se houvesse VAR na altura em que eu estava no Sporting, de certeza tínhamos ganho quatro ou cinco títulos. São épocas diferentes. Se compararmos a nossa equipa com a de hoje, a nossa era superior. Lógico que podem argumentar que esta é que ganhou, mas eu vejo de outra perspetiva. Fico feliz que tenham ganho dois campeonatos em quatro anos. O Rúben [Amorim] fez um grande trabalho. Não é para todos», conclui.

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