ENTREVISTA | João Pereira: «Desde o primeiro dia que falamos da subida de divisão»

7 meses atrás 58

É a hora de todas as decisões na Liga 3! 

Depois de uma primeira fase disputada em duas séries, os quatro primeiros classificados da Série A e os quatro primeiros classificados da Série B 'juntam-se' agora num campeonato de 14 jornadas para discutirem o acesso à 2ª Liga.

Numa prática que já vem sendo comum, o zerozero entrevistou os treinadores dos clubes em questão, numa conversa na qual foi feito não só o rescaldo da fase regular da prova, mas também a antevisão da fase de subida.

Ouvir o nome 'Alverca' remete a maioria dos adeptos de futebol para o final dos anos 90/ início dos anos 2000, altura em que os ribatejanos pisaram o palco mais alto do futebol português. Depois de ter sido obrigado a fechar portas em 2005, o clube tem renascido de forma sólida e, agora, ambiciona o regresso aos campeonatos profissionais.

João Pereira é o treinador do clube e não esconde o desejo de dar alegrias aos adeptos. Os alverquenses terminaram a Série B no terceiro lugar e arrancam a fase de subida com um embate frente ao SC Braga B (domingo, às 11 horas).

Zerozero: O Alverca é, a par do Varzim, a equipa que chega a esta fase de subida em melhor forma- três vitórias consecutivas. Que importância, até do ponto de vista anímico, pode ter este aspeto? 

João Pereira: É importante para nos agarrarmos ao que deve ser a continuidade do nosso trabalho, mas é só nisso que temos de estar concentrados. Tivemos essas três vitórias depois de uma fase em que tomámos algumas decisões importantes e de o grupo ter dado uma resposta muito forte. Nesse período sofremos apenas um golo de penálti, o que é também importante para nós, e produzimos bastante do ponto de vista ofensivo. Não falo só dos golos que marcámos, mas também das oportunidades que criámos. Aliás, estamos a fazer essa contagem agora e acreditamos que o Alverca pode ter sido a equipa com maior número de oportunidades criadas. Nos jogos com o Amora, com o Sporting B e com o 1º Dezembro, por exemplo, podíamos ter feito mais golos. Pecámos aqui ou ali na finalização e é algo que temos de melhorar porque, a partir daqui, os jogos vão ser decididos no detalhe.  

ZZ: Numa visão geral, que balanço faz da fase regular do Alverca?

JP: Claramente positivo. Foi um caminho de altos e baixos, num cenário que acaba por fortalecer o grupo, tal como demonstrámos na reta final do campeonato. Tenho vindo a dizer ao longo da minha carreira que as épocas não são como começam, mas sim como acabam. Este grupo mostrou isso mesmo, já que terminámos com três vitórias e ficámos em terceiros com os mesmos pontos do segundo e a um ponto do primeiro. O Alverca tem um orçamento muito menor em relação às duas últimas épocas e, mesmo assim, comparando com a temporada passada, fizemos mais com menos. Isso deixa-nos bastante satisfeitos, ainda para mais tendo em conta que introduzimos no plantel jogadores provenientes da formação e que estavam a competir no futebol distrital. Isto é reflexo do trabalho dos jogadores, que se dedicaram à causa desde início.

ZZ: O treinador João Pereira é o mais jovem (32 anos) dos oito que chegam a esta fase de subida. Como olha para o facto de estar a pisar estes palcos e de poder chegar às ligas profissionais em tão tenra idade?

JP: No ano passado, no Amora, já podíamos ter sido a equipa técnica mais jovem a alcançar a 2ª Liga. De forma natural, ficamos muito orgulhosos do nosso trajeto. A temporada passada serviu de aprendizagem e para que todos nós evoluíssemos, sendo que depois surgiu a abordagem do Alverca. Essa mesma abordagem foi positiva e aliciante, ficámos agradados com a seriedade do diretor desportivo Mateus Ornelas e do presidente Ricardo Vicintin. Não hesitámos em aceitar o convite e a proposta apresentada desde início foi a subida de divisão. Desde o primeiro dia que falamos disso e trabalhamos para que isso aconteça, mas não nos podemos esquecer que agora temos esta série de 14 jogos. É mais uma oportunidade para continuarmos a crescer.

ZZ: No plano oposto, quão importante é para si poder contar com jogadores tão batidos em patamares superiores como o Vítor Bruno, o Ricardo Dias, o Harramiz e o Diogo Salomão, por exemplo?

JP: As outras equipas também têm esse tipo de jogadores. O grupo é composto por jogadores experientes e por jogadores que não são tão experientes, mas que têm irreverência e criatividade. Claro que os jogadores mais velhos são importantes para passarem a sua experiência aos mais jovens, mas olhamos para os jogadores todos da mesma forma. O nosso estilo de liderança é baseado numa ligação muito próxima aos jogadores, daí todos os atletas serem bastante importantes neste processo. 

@FPF

ZZ: Como perspetiva esta fase de subida? Como olha para a mudança de formato da competição? 

JP: Acredito que irá vencer a equipa que tiver mais rigor, mais compromisso e mais atenção aos 'pormaiores' do jogo. Para além disso, o espírito competitivo será também fundamental. Neste novo modelo, esta segunda fase será muito mais atrativa para todos porque irá premiar a regularidade. Só peca no facto de as últimas quatro jornadas terem sido disputadas com o mercado de transferências aberto. Isso não é saudável para investidores, presidentes, diretores, treinadores e jogadores. Os últimos quatro jogos foram decisivos para toda a gente e sinto que tive de fazer um duplo trabalho de psicologia. Por um lado, estávamos fora do top4 e tive de fazer de tudo em termos de liderança para inverter a situação; por outro, tivemos de gerir muito bem as expectativas dos jogadores em relação ao seu presente e ao seu futuro. Sabemos que os telemóveis podem ter tocado e tivemos de blindar o balneário, algo fundamental nesta fase.

Ler artigo completo