Equador não perdeu guerra contra grupos criminosos, está a lutar, diz Presidente

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"Isto é uma guerra, um conflito armado interno no qual estamos a lutar contra 22 grupos, alguns mais pequenos e outros maiores, que têm dezenas de milhares de homens armados, financiados pelo tráfico de drogas, mineração ilegal e que, ao mesmo tempo, geram terror", explicou o Presidente.

Numa das poucas entrevistas que concedeu desde que decretou a existência de um conflito armado interno devido à agudização da violência no país, o chefe de Estado equatoriano asseverou que "todas as prisões do país foram neutralizadas" e que "170 reféns foram resgatados sãos e salvos".

"Estamos a reorganizar estes centros de privação de liberdade, nos quais alguns destes líderes planeavam crimes (...), e estamos a transferi-los das suas zonas de conforto e a desarticular essas redes de crime e terrorismo", explicou.

Noboa garantiu que as autoridades estão a combater todos estes gangues e os seus cabecilhas que, em alguns casos, são mais de 10 em cada um, e não apenas José Adolfo Macías, conhecido como `Fito`, o líder do maior e mais violento gangue, Los Choneros, que fugiu da prisão no início do mês.

Sobre `Fito`, o Presidente equatoriano quis sublinhar que ele "não é o Pablo Escobar (famoso traficante de droga colombiano já morto)", mas apenas mais um cabecilha, que está a ser procurado "por todo o lado internacionalmente".

Perante os rumores de que poderá ter fugido para o Peru, a Bolívia ou a Colômbia, Noboa não descartou que se encontre na Colômbia e assegurou ter pedido ao seu homólogo Gustavo Petro "que realize uma busca intensa no país" e que haja "cooperação" entre os dois Governos "e intercâmbio de informações entre Exército e polícia".

No total, 2.369 pessoas foram detidas no Equador durante os primeiros dez dias da declaração governamental de um "conflito armado interno" contra o crime organizado, 158 das quais foram detidas por alegado terrorismo.

O número consta de um balanço do Governo equatoriano hoje divulgado sobre as operações policiais e militares realizadas em território nacional no contexto deste novo cenário, em que 22 grupos do crime organizado foram classificados como grupos terroristas e atores beligerantes não-estatais.

Entre 09 e 19 de janeiro, as autoridades equatorianas afirmam ainda ter abatido cinco presumíveis membros destes grupos agora classificados como terroristas, ao passo que dois polícias foram assassinados e 11 outros foram libertados após vários sequestros aparentemente efetuados por estas máfias.

Durante esse período, foram apreendidas 885 armas de fogo, 1.069 armas brancas, 64 carregadores de armas, cerca de 26.000 balas e 4.639 explosivos.

As forças da ordem do Equador também confiscaram mais de 6,3 toneladas de drogas e mais de 18.500 dólares em dinheiro e apreenderam 15 embarcações, num total de 26.390 operações.

De acordo com o balanço do executivo, nestes dez dias, registaram-se 13 atentados a infraestruturas públicas e privadas e 12 a instalações policiais.

Em plena vigência do estado de exceção e do conflito armado interno, com os militares encarregados da segurança, foi assassinado na quarta-feira o procurador César Suárez, responsável pelas investigações do assalto armado ao canal televisivo TC, a 09 de janeiro, em Guayaquil, que terminou com a detenção de 13 pessoas.

A Justiça ordenou a prisão preventiva de dois presumíveis envolvidos no homicídio do procurador Suárez.

O "conflito armado interno" foi declarado pelo Presidente do Equador a 09 de janeiro, perante uma onda de atentados e ações violentas atribuídos ao crime organizado, que incluíram o sequestro e assassínio de polícias, ameaças de explosões, veículos incendiados e motins simultâneos em estabelecimentos prisionais com tomada de reféns, entretanto libertados.

Com um total de mais de 200 funcionários prisionais feitos reféns, os motins em pelo menos sete prisões prolongaram-se até ao passado sábado à noite, 13 de janeiro, altura em que todos foram libertados, à exceção de um guarda prisional que foi morto num alegado tiroteio ainda não esclarecido pelas autoridades.

Durante esses motins, fugiram cerca de 90 reclusos, entre os quais Fabricio Colón Pico, considerado um dos cabecilhas do gangue `Los Lobos` e acusado de planear uma tentativa de assassínio da procuradora-geral do Equador, Diana Salazar.

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