Escavação arqueológica em França encontra mensagem de arqueólogo do século XIX

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Facebook de Guillaume Blondel

Uma equipa francesa de arqueologia, ao escavar um sítio arqueológico romano com cerca de 2000 anos, encontrou uma mensagem num frasco de vidro. Era uma nota deixada por um arqueólogo que escavou a área há 200 anos.

O grupo de voluntários, dirigido pelo arqueólogo Guillaume Blondel, estava a escavar o que resta de um sítio arqueológico no topo de um penhasco perto de Dieppe (Seine-Maritime), em Bracquemont.

O sítio arqueológico é interpretado como um recinto fortificado do período gaulês, mas também é conhecido como área onde César terá instalado um breve acampamento romano há mais de 2000 anos. E, desde o início da escavação, foram encontrados vários artefactos que datam do período gaulês — a maioria peças de cerâmica com cerca de dois mil anos.

Blondel, que chefia o serviço arqueológico da cidade de Eu, realizava trabalhos de emergência por causa da erosão do penhasco quando Pierre, um voluntário que estuda história em Caen, descobriu um objeto estranho no topo de uma trincheira.

Blondel foi investigar e rapidamente concluiu que não se tratava de nenhuma cerâmica de época romana. De seguida verificou que também não se tratava de um dispositivo explosivo da Segunda Guerra Mundial. Tomadas as devidas precauções, Blondel e os voluntários extraíram o pote da terra.

"Esta panela continha um copo envidraçado. Podia ver-se um objeto de vidro tranparente”, descreveu Blondel. O investigador determinou que o pote dataria do século XIX.


Pote encontrado com o frasco de vidro dentro | Facebook de Guillaume Blondel

Eis que, o objeto de vidro era afinal “uma garrafa de sais aromáticos como a usada ao pescoço das mulheres que o respiravam para evitar desmaiar dentro do corpete apertado” que era moda na época, explica.

Mas a surpresa maior ainda estava por se revelar.

Cápsula do tempo dentro de outra cápsula de tempo

Dentro do frasco de vidro estava um papel enrolado com uma mensagem.

Entre as muitas suposições do que poderia constar no escrito, o arqueólogo brincou: "Que tal uma receita de torta de maçã?".

Já em laboratório, Blondel calçou luvas para proteger o achado e acabou por abrir a garrafa para retirar o rolinho.

Era então uma mensagem de 1825 a descrever o trabalho de um arqueólogo da época.

“P. J. Féret, natural de Dieppe, membro de várias sociedades eruditas, realizou aqui escavações em janeiro de 1825. Ele continua a sua pesquisa em todo este vasto recinto chamado Cité de Limes ou Acampamento de César”.


Nota de P.J.Féret, escrita no século XIX | Facebook de Guillaume Blondel

Os registos municipais confirmaram que Pierre-Jacques Féret foi o primeiro arqueólogo a desenvolver trabalhos de escavação neste local durante o séc. XIX. 

“Féret queria desmantelar uma teoria antiga que falava de uma presença da dinastia Carolíngia”, designação dada ao período do reinado, durante a Idade Média, em grande parte da Europa, dos reis Francos que sucederam à Dinastia Merovíngia, argumentou o chefe da equipa.

Porém, nessa investigação, Féret acabou por encontrar, afinal, “elementos que atestam a presença gaulesa. Um oppidum ou vila fortificada”, sublinhou Blondel, citado na BBC.

“Sabíamos que já tinha havido escavações aqui no passado, mas encontrar esta mensagem com 200 anos foi uma surpresa. Foi um momento absolutamente mágico”, realçou Blondel.

“Às vezes vemos essas cápsulas do tempo deixadas para trás por carpinteiros durante a construção das casas. Mas é muito raro em arqueologia. A maioria dos arqueólogos prefere pensar que não houve ninguém antes deles porque querem acreditar que fizeram o trabalho todo”, remata.


Equipa de arqueólogo Guillaume Blondel | Facebook de Guillaume Blondel

Os jovens voluntários que acompanharam os trabalhos dizem ter vivido “com emoção esta descoberta” que os fez “viajar para o passado”. 

E acrescentaram: “Féret deixou uma mensagem para as gerações futuras”. Uma mensagem numa garrafa que acabou por ser recebida. 

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