“Escutas não podem ser vigilância. Isso era o que a PIDE fazia”, denuncia ex-ministra Constança Urbano de Sousa

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Em entrevista à TSF e DN, Constança Urbano de Sousa, que se demitiu do Governo em 2017 após exigência de Marcelo Rebelo de Sousa, deixou ainda críticas ao inquilino de Belém: “Ultrapassa em muito o seu papel e não é um garante de estabilidade”.  

Constança Urbano de Sousa, ex-ministra da Administração Interna, criticou fortemente a divulgação das escutas que envolvem António Costa no Âmbito da Operação Influencer a advertiu para o uso abusivo deste instrumento.

Em entrevista à TSF e DN, esta responsável do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações e que é também uma das subscritoras do manifesto que pede uma reforma do sistema de justiça, questionou a forma como se utiliza este meio.

“Como é que alguém está sob escuta durante quatro anos? As escutas são meios muito intrusivos, têm que ter uma utilização necessária e proporcional senão deixam de ser escutas e passam a ser vigilância que era o que a PIDE fazia antigamente”, realçou.

Ainda sobre os procedimentos da Justiça, ex-ministra socialista criticou ainda os juízes de instrução: “Considero que há muitos anos existe uma atuação muito acrítica de muitos juízes de instrução criminal que se limitam a assinar de cruz as buscas”.

Constança Urbano de Sousa, que se demitiu alguns meses após a tragédia de Pedrógão Grande no verão de 2017, após uma declaração de Marcelo Rebelo de Sousa que deixou implícito que a então ministra devia sair, também deixou algumas palavras sobre o desempenho do Presidente da República, acusando-o de “ultrapassar em muito o seu papel” e de “não ser um garante de estabilidade”.

Na quarta-feira, o Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.

No processo Operação Marquês, Sócrates foi acusado pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 09 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa ilibou o ex-governante de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento e três de falsificação.

A decisão de janeiro da Relação determinou a ida a julgamento de um total de 22 arguidos por 118 crimes económico-financeiros, revogando a decisão instrutória, que remeteu para julgamento José Sócrates, Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, Ricardo Salgado e o antigo motorista de Sócrates, João Perna.

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