Espanha. Sondagens na Galiza dão vitória ao PP

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No parlamento da Galiza só há mais dois partidos representados além do PP, ambos de esquerda, o socialista (PSdeG-PSOE) e o Bloco Nacionalista Galego (BNG).

A menos de uma semana das eleições, as sondagens dão como cenário mais provável que o parlamento regional se mantenha só com estes três partidos, embora alguns estudos admitam a possibilidade de haver uma deputada do Somar (outra formação de esquerda que está na coligação do Governo central de Espanha com os socialistas do PSOE) e um representante do Democracia Ourensana, que tem acordos de governo com o PP na província e município de Ourense.

Todos os estudos dão o BNG como segunda força e o Partido Socialista como terceira, mantendo-se a 'hierarquia' atual.

É neste contexto que o BNG aspira a liderar, pela primeira vez, o governo regional galego (conhecido como Xunta), numa 'geringonça' ou coligação que os socialistas assumem estar dispostos a integrar, assim como o Somar, caso consiga eleger a sua candidata (Marta Lóis).

"Digo a todas essas pessoas que querem uma Galiza melhor que não importa o que votaram noutras ocasiões. Há muitas maneiras de se sentir galego e todas são necessárias para a mudança", disse a líder do BNG, Ana Pontón, num debate na televisão galega, na semana passada, repetindo o apelo à concentração de votos (ou ao 'voto útil') para tirar a direita do poder.

Nas últimas quatro eleições, o PP, sob a liderança do atual presidente nacional do partido, Alberto Núñez Feijóo, venceu as regionais galegas com maiorias absolutas.

Feijóo passou a Xunta a Alfonso Rueda, em maio de 2022, para saltar para a liderança nacional do PP, e as sondagens coincidem em que no domingo o partido vai perder terreno e dificilmente manterá os atuais 42 deputados autonómicos (a maioria absoluta são, pelo menos, 38).

As últimas sondagens publicadas em meios de comunicação social espanhóis dão ao PP entre 36 e 40 deputados.

"As sondagens desenham um cenário aberto pela possível perda da maioria absoluta do PP da Galiza, no entanto, de acordo com essas mesmas sondagens, parece que os galegos não têm a perceção de mudança política", disse à agência Lusa a professora e investigadora de Ciência Política da Universidade de Santiago de Compostela, Nieves Lagares.

Para Nieves Lagares, para que a mudança política fosse possível na Galiza, "seria necessário um retrocesso significativo em votos e assentos [parlamentares] do Partido Popular" e, em simultâneo, "um crescimento similar dos partidos de esquerda".

Apesar de o PP sempre ter ganhado as eleições regionais, e quase sempre com maiorias absolutas desde o início da década de 1990, os socialistas já lideraram a Xunta por duas vezes. A primeira foi por ter consigo fazer aprovar no parlamento uma moção de censura, em 1987.

Depois, entre 2005 e 2009, na sequência das únicas eleições desde a década de 1990 que o PP não venceu com maioria absoluta, os socialistas lideraram um governo de coligação com o BNG.

Após anos de divisões internas e perdas sucessivas de votos e deputados, o BNG, que em 2016 só conseguiu seis lugares no parlamento, começou a recuperar terreno com a liderança de Ana Pontón. Em 2020, elegeu 19 deputados e ultrapassou os socialistas (que ficaram com 14).

"Trata-se de um partido nacionalista de esquerda que nunca teve uma nítida expressão independentista" e que, "no eixo ideológico, tem competido com o PSdeG, dentro do espaço de esquerda", explicou a investigadora Nieves Lagares.

"A competição política na Galiza faz-se nesses dois eixos, o ideológico e o identitário. Quando o BNG se orienta para posições mais de centro no eixo ideológico compete com o PSdeG pelo votante de centro esquerda e é isso que está a acontecer desde as eleições de 2016", acrescentou.

Para a investigadora, "a sucessão de candidatos socialistas" nas últimas quatro eleições galegas "e a dependência da organização do PSdeG da direção nacional do partido também contribuiu para a perda de votos" do PSOE na região, em eleições autonómicas, desde 2009.

Ao contrário do que acontece com os partidos nacionalistas do País Basco ou da Catalunha, a força regional do BNG não se transfere para o nível nacional e o partido tem apenas um deputado no parlamento de Espanha.

A explicação, segundo Nieves Lagares, é um "voto dual" que existe na Galiza.

"Há um perfil de eleitor que muda o sentido de voto em função do tipo de eleição (...). Entende que para a sua representação na Galiza o BNG é o partido que melhor defende os seus interesses e para Espanha é o PSOE", afirmou, acrescentando: "A maioria dos galegos dizem sentir-se tão espanhóis como galegos e tão galegos como espanhóis".

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