Estados Unidos opõem-se à adoção do euro no Kosovo

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Washington fez saber que a decisão de substituir o dinar sérvio pelo euro irá certamente aumentar a tensão étnica. A Sérvia acha o mesmo, mas o governo kosovar não quer voltar atrás.

No âmbito de medidas de aproximação à União Europeia, mas principalmente de afastamento da Sérvia, o Kosovo decidiu acabar com o dinar e adotar o euro como moeda oficial. A medida já era esperada, mas o embaixador dos Estados Unidos no Kosovo, Jeffry Hovenier, fez saber esta quinta-feira que o seu país se opõe à implementação do decreto do Banco Central do Kosovo (CBK) sobre o euro como a única moeda para pagamentos em dinheiro.

A medida, que entrou em vigor este dia 1 de fevereiro, estipula que apenas seja usado o euro para pagamentos, acabando com o uso do dinar sérvio. Mas Hovenier afirma que o país ainda não está preparado para isso.

Falando após uma reunião com o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, Hovenier disse que os Estados Unidos estão preocupados, até porque o decreto pode induzir mais tensões étnicas num país que precisa de tudo menos isso. A decisão não prevê como afetará os kosovares que recebem assistência financeira do orçamento sérvio, por exemplo.

Na prática, esta decisão do CBK significa a abolição do dinar sérvio, à qual, evidentemente, se opõem os membros da comunidade sérvia no Kosovo – que usaram até agora o dinar para pagar todas as despesas, recebendo salários, pensões e outras receitas do orçamento sérvio nessa moeda.

“Essa questão exige mais atenção e consideração dentro do diálogo. Estamos preocupados que a decisão de proibir o dinar possa levar a tensões étnicas. Espero que o governo do Kosovo tenha em conta o que o vice-primeiro-ministro Besnik Bislimi disse sobre a transição”, afirmou Hovenier em Pristina, a capital.

O vice-primeiro-ministro do Kosovo, Besnik Bislimi, disse, anteriormente, que seria assegurada uma transição fácil, mas não especificou quanto tempo poderia durar ou que medidas adicionais serão tomadas, para além de uma campanha para informar os cidadãos.

No entanto, e segundo os jornais locais, o Banco Nacional da Sérvia (NBS) divulgou uma declaração escrita em que pedia a retirada do decreto do Banco Central do Kosovo, afirmando que “esta questão deve ser resolvida exclusivamente no âmbito do diálogo no nível existente”.

Representantes da Lista Sérvia (partido que concorre no Kosovo) reuniram com o embaixador dos Estados Unidos, possivelmente para apresentarem as suas reservas face à decisão. Quando ficou claro que o Kosovo não iria atrasar a decisão, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, reuniu com representantes dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Itália.

Vucic nada disse sobre os encontros, mas o chefe do Gabinete do Governo da Sérvia para o Kosovo, Petar Petkovic, disse que a decisão do CBK (ou mais propriamente do governo kosovar) foi avaliada e que os dois países estão na posição “mais difícil do que nunca”.

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