Estão as ligas domésticas em risco? «Próxima época vai ser um game-changer»

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Alberto Colombo, representante da European Leagues, participou, esta quinta-feira, no Future Stage - SC Braga Sports Congress. O secretário geral adjunto da associação integrou um painel sobre o futuro das competições, numa altura em que o futebol se prepara para receber o novo - e maior - Mundial de Clubes e o formato renovado da Liga dos Campeões.

Com vários temas em cima da mesa, Colombo não considera que as ligas domésticas estejam em risco, mas alerta para a iminência de mudanças. O representante da European Leagues abordou também as questões do calendário cada vez mais sobrecarregado e a tão falada Superliga Europeia, que considera estar «morta na forma que foi apresentada», mas que reconhece ainda existir na cabeça dos grandes clubes.

Alberto Colombo em discurso direto

Estão as ligas domésticas em risco? «Talvez perigo não seja a palavra ideal. Não existem dúvidas, está aos olhos de todos que o futebol doméstico está um pouco espremido entre a ambição dos clubes de topo em quererem jogar mais internacionalmente e colocarem pressão na FIFA e na UEFA para criarem novas competições e expandir as que já existem. O resultado é que temos, definitivamente, um calendário muito congestionado e isso também vai ter impacto no valor das ligas domésticas.

Podemos ver também os resultados economicamente e perceber que algumas ligas agora vão para o mercado para vender os seus direitos televisivos. Temos o exemplo de França, em Itália também já estão em dificuldades para vender o próximo ciclo. Isto não vem por acaso. A próxima época vai ser um game-changer. Existe este novo formato e a primeira edição do Mundial de Clubes expandido. Seria interessante voltarmos aqui daqui a um ano para discutir o impacto.

Não há dúvida de que vão haver consequências para as ligas, não apenas económicas. Jogar mais na Europa, dar a chance aos grandes clubes para jogar mais a nível europeu, vai criar uma polarização adicional entre clubes ao nível doméstico. Essa talvez seja a questão mais perigosa. Isto aplica-se a Portugal e a todos os países: há clubes que jogam Europa, alguns que jogam também na nova competição e conseguem ainda mais receita financeira. O fosso para os clubes que só jogam domesticamente vai aumentar. Quando aumentas o fosso económico entre clubes, aumentas o fosso competitivo e afetas o interesse da prova. Vão haver consequências.»

Calendário sobrecarregado: «Existe um crescimento no número de jogos, cerca de 50 por cento só na próxima edição da Liga dos Campeões. É um problema para os jogadores. Há jogadores que estão a jogar demasiado e outros que não jogam o suficiente. É uma agenda dupla. Mas se fizermos um cálculo do número possível de jogos que atletas de um clube de topo vão ter na próxima época, é superior a 65.

Pensemos num clube como o Inter, que vai jogar Liga dos Campeões, Mundial de Clubes, Serie A, Taça de Itália e Supertaça. Se chegarem à final em todas as competições, fazem mais de 65 jogos e ainda nem contabilizámos as seleções. Potencialmente, teríamos jogadores a fazer 75 jogos. Do ponto de vista de saúde, não é possível fazer tantos jogos. Percebo a razão pela qual a FIFPRO está a seguir um caminho neste aspeto.»

Superliga Europeia: «A Superliga na forma que foi apresentada, está morta. Mas os argumentos por detrás dela não estão mortos, continuam a existir. A ideia de jogar mais entre eles e de receber mais dinheiro ainda existe na cabeça dos grandes clubes. O formato atual está morto, mas as ideias ainda existem.»

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