EUA aplicam sanções a empresa suspeita de "spyware" contra Governo e jornalistas

6 meses atrás 50

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou esta terça-feira sanções contra duas pessoas e uma empresa de espionagem comercial com sede na Grécia, acusada de atingir funcionários do Governo norte-americano, jornalistas e analistas políticos.

As sanções visam o consórcio Intellexa, que, segundo o Departamento do Tesouro, vendeu e distribuiu `spyware` comercial e ferramentas para campanhas de vigilância direcionadas e em massa.

Outras entidades associadas à Intellexa -- incluindo a Cytrox AD, sediada na Macedónia do Norte, a Cytrox Holdings ZRT (Hungria), e a Thalestris Limited (Irlanda) -- foram sancionadas pela sua participação no desenvolvimento e distribuição de um pacote de ferramentas conhecido como Predator.

Funcionários da atual administração norte-americana disseram que esta é a primeira vez que o Departamento do Tesouro sanciona pessoas ou entidades pelo uso indevido de `spyware`.

O Predator permite que um utilizador se infiltre em dispositivos eletrónicos através de ataques de clique zero que não exigem interação para que o `spyware` infete um dispositivo.

O `spyware`, que tem sido utilizado em dezenas de países, permitiu a extração não autorizada de dados, o rastreamento de geolocalização e o acesso a informações pessoais em dispositivos.

"As ações de hoje representam um passo tangível no sentido de desencorajar o uso indevido de ferramentas de vigilância comercial, que representam cada vez mais um risco de segurança para os Estados Unidos e para os nossos cidadãos", disse Brian Nelson, subsecretário do Tesouro para o terrorismo e informações financeiras.

"Os Estados Unidos continuam focados em estabelecer barreiras claras para o desenvolvimento e uso responsável destas tecnologias, garantindo ao mesmo tempo a proteção dos direitos humanos e das liberdades civis dos indivíduos em todo o mundo", acrescentou.

O Laboratório de Segurança da Amnistia Internacional publicou em outubro um relatório que dizia que o Predator tinha sido usado para atingir, mas não necessariamente infetar, dispositivos ligados à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e à anterior Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, bem como a congressistas e senadores norte-americanos.

Em dezembro de 2021, investigadores digitais do Citizen Lab da Universidade de Toronto descobriram `spyware` Predator no iPhone de um importante dissidente egípcio exilado.

Numa investigação conjunta com o Facebook, o Citizen Lab descobriu que a Cytrox tinha clientes em países como Arménia, Grécia, Indonésia, Madagáscar, Omã, Arábia Saudita e Sérvia.

A Intellexa foi criada em 2019 pelo ex-oficial militar israelita Tal Dilian, que, juntamente com Sara Hamou, especialista em `offshoring` corporativo que prestou serviços de gestão à Intellexa, também foi sancionado.

As sanções dirigidas aos utilizadores do Predator ocorrem após a administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, ter revelado no mês passado uma nova política que lhe permitirá impor restrições de visto a indivíduos estrangeiros envolvidos no uso indevido de `spyware` comercial.

A política de vistos da administração norte-americana aplica-se a pessoas que estiveram envolvidas no uso indevido de `spyware` comercial para atingir pessoas, incluindo jornalistas, ativistas, supostos dissidentes, membros de comunidades marginalizadas ou familiares daqueles que são visados.

As restrições de visto também poderão ser aplicadas a pessoas que facilitam ou obtêm benefícios financeiros do uso indevido de `spyware` comercial, disseram as autoridades.

Ler artigo completo