EUA avisam que "escalada" com Líbano poria em risco segurança de Israel

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"Não queremos assistir a uma escalada do conflito, que só causaria mais perdas de vidas humanas, tanto israelitas como libanesas, e prejudicaria significativamente a segurança de Israel e a estabilidade na região", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, quando questionado pela comunicação social sobre as declarações emitidas por Netanyahu durante uma visita ao norte de Israel.

As trocas de fogo diárias entre o Exército israelita e o grupo xiita libanês Hezbollah intensificaram-se nos últimos dias, em plena guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, do qual o Hezbollah é aliado.

O porta-voz norte-americano desvalorizou, contudo, a ideia de que uma guerra com o Líbano estará iminente, vincando que "as declarações do Governo israelita indicando que está pronto para uma operação militar, se necessário", não significam "que tomou a decisão de realizar uma operação militar".

"Continuamos convencidos de que Israel prefere uma solução diplomática", acrescentou, embora dizendo compreender "a situação insustentável para Israel" na sua fronteira norte.

"Há dezenas de milhares de cidadãos israelitas que não podem regressar às suas casas, no norte de Israel, porque não estão em segurança, devido aos constantes bombardeamentos do Hezbollah e aos ataques de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) à região", afirmou Miller.

Segundo as autoridades israelitas, cerca de 60.000 habitantes do norte do país encontram-se há quase oito meses deslocados; e de acordo com a ONU, mais de 93.000 residentes no sul do Líbano viram-se também obrigados a abandonar as suas casas desde o início dos combates transfronteiriços com Israel, em outubro do ano passado.

As trocas de fogo na fronteira entre os dois países começaram a 08 de outubro, um dia após o início da guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, e como demonstração de solidariedade por parte do Hezbollah, mas a intensificação do fogo cruzado nas últimas semanas faz temer uma guerra aberta entre as duas partes, como a que ocorreu em 2006.

Em Israel, estes ataques fizeram pelo menos 23 mortos -- 13 militares e 10 civis -, ao passo que do outro lado da fronteira foram mortas mais de 415 pessoas: cerca de 300 combatentes do Hezbollah, 47 membros de outras milícias, um soldado libanês e pelo menos 68 civis, entre os quais dez menores e três jornalistas.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 243.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 36.586 mortos e 83.074 feridos, além de cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após quase oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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