EUA ‘espremem’ os seus poços de petróleo até ao limite

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Novas tecnologias permitem ao mais produtor de petróleo do mundo uma eficácia acrescida na extração. E uma vantagem adicional num momento de alta de preços. COP 28? Qual COP 28?

Desde as mais recentes cimeiras COP que a Arábia Saudita e as chamadas petro-monarquias árabes são comummente consideradas faltosas em termos da transição energética que aconselha a que os combustíveis fósseis sejam substituídos por alternativas renováveis. Mas os grandes ‘prevaricadores’ são de facto os Estados Unidos: o país estabeleceu um novo recorde de produção de petróleo.

Administração de Informação de Energia dos EUA, mais conhecida como EIA, revelou que a maior economia do mundo ultrapassou 13,3 milhões de barris (mdb) por dia de produção média durante o mês de dezembro, um nível nunca atingido até agora. No entanto, o mais impressionante sobre o recorde, diz a mesma fonte citada por vários jornais, é que a indústria petrolífera norte-americana conseguiu atingir esse patamar perfurando menos e aproveitando ao máximo cada poço de petróleo.

Assim, é o aumento de produtividade que explica o recorde, o que de qualquer modo não apaga o aumento da pegada ecológica nem faz retroceder a indústria para o caminho da sustentabilidade. O mais recente relatório Petroleum Supply Monthly (PSM) adianta que a produção de petróleo bruto nos Estados Unidos subiu para níveis recorde desde 2010 e que cresceu ainda mais rápido nos últimos meses.

A explicação – para além da procura, que parece estar a posicionar-se para as previstas quedas das taxas de juro que a Reserva Federal irá determinar (provavelmente) dentro de poucos meses – é que os produtores de petróleo estão a aproveitar os preços relativamente altos nos mercados internacionais. O petróleo Brent, referência na Europa, já é negociado acima de 83 dólares o barril e o petróleo do oeste do Texas, referência nos EUA, está acima de 79 dólares.

Líderes mundiais na produção de petróleo bruto desde 2018, superando a Rússia e a Arábia Saudita, os produtores têm recorrido à tecnologia – e não a novas perfurações – para alavancarem as suas produções. “A produção dos EUA já responde por 16% da produção global de petróleo bruto”, diz a EIA – que coloca a Rússia e a Arábia Saudita nas segunda e terceira posições.

Historicamente, o número de novos poços trazidos pela atividade de perfuração tem sido o principal determinante para prever se a produção de petróleo bruto aumentou ou diminuiu. No entanto, os avanços nas tecnologias de perfuração horizontal e fraturamento hidráulico (fracking) aumentaram a produtividade dos poços, permitindo que os produtores dos EUA extraiam mais petróleo bruto de poços recém-perfurados.

O Relatório de Produtividade de Perfuração (DPR) mostra maior produção a partir de uma combinação de maior bombeamento para novos poços e maior produção sustentada de poços que já estavam abertos – a palavra ‘sustentada’ tem com certeza a ver com questões financeiras e não com questões climáticas.

O número de novos poços tem sido diferente de ano para ano na última década – depois de ter atingido um recorde de 13.745 em 2014. A atividade diminuiu lentamente desde então, até entrar em colapso na crise pandémica. O número de novos poços caiu quase 40% (4.829 poços) em 2020 devido ao impacto da Covid. Em 2022, o número de novos poços de petróleo bruto foi o mesmo de 2017. Já no primeiro semestre de 2023, os perfuradores aumentaram ligeiramente o número de novos poços (624) em comparação com o mesmo período de 2022.

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